O assassinato do morador de rua Veni Bras de Oliveira, 46 anos, ocorrido na madrugada desta quarta-feira, comoveu moradores das proximidades do Museu Casa de Pedra, no bairro Santa Catarina, um dos pontos turísticos mais famosos de Caxias do Sul. Conhecido por ser prestativo e de boa conversa, ele ajudava os motoristas que estacionavam na Rua Professor Marcos Martini e, por isso, recebia alguns trocados. Funcionários de uma agência da Caixa Econômica Federal próxima garantem que Oliveira não pedia dinheiro.
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– O pessoal dava por gratidão, ele não pedia nada. Eu sempre conversava com ele. O Veni cuidava do meu carro e, uma vez, me avisou de uma moça que bateu no meu carro. A gente sentiu bastante (a morte), era um amigo nosso – afirma a técnica bancária Márcia Sandra.
A quem perguntasse, Oliveira contava que tinha sido vítima da crise e que, cerca de um ano e meio atrás, teve de deixar seus últimos pertences para quitar a dívida do aluguel. De dia, o desempregado ficava nas proximidades da Casa de Pedra. À noite, ia para um abrigo que mantinha na região do bairro Pioneiro.
A presença dele era bem vista na vizinhança, já que ele ajudava a inibir a ação de flanelinhas, problema histórico do trecho junto ao museu, e também usuários de drogas. Ao contrário de outros andarilhos, Oliveira era conhecido por ser organizado com seu dinheiro e não gostava de ficar sujo. Quando juntava trocados suficientes, ia para um hotel onde tomava banho e passava a noite.
– A gente sabia a pessoa que ele era. Ele era querido com a gente e não gostava de ficar com a barba a fazer. Quando eu saía, pedia para ele ficar de olho na minha casa. Quando voltava, ele vinha e contava como tinha sido o dia – aponta a cabeleireira Lori Knecht, que todos os dias oferecia almoço ao morador de rua.
A morte de Oliveira foi descoberta por volta das 7h30min, quando populares acionaram a Brigada Militar (BM). Ele tinha um ferimento na cabeça e estava sem documentos, provavelmente levados pelo assassino. Quem o identificou foi Sandra Márcia, que, no início do ano, auxiliou Oliveira a retirar seu FGTS inativo. Na época, ele estava com todos os documentos em dia.
– Ele não era vagabundo. Estava sem emprego há pouco mais de um ano e meio. Ele também recebia o Bolsa Família e pediu para passar o cartão cidadão dele para a nossa agência – relata.
Polícia Civil investiga possível desavença
O caso foi registrado pela Polícia Civil como homicídio. A suspeita é que Oliveira tenha sido morto por golpes de pedra na cabeça. Por meio de exames preliminares, a perícia acredita que a vítima foi atacada na noite anterior, mas morreu apenas ao amanhecer. Uma mala da vítima foi encontrada em uma lixeira em frente à Casa de Pedra.
Testemunhas relataram a presença de um homem moreno e alto na noite anterior. Ele foi visto no local, mas nenhum tumulto foi percebido. Era normal Oliveira estar acompanhado. O morador de rua costumava comprar bebidas alcoólicas e outros andarilhos vinham pedir. Normalmente, Oliveira compartilhava e pedia aos intrusos que deixasse o "seu ponto". Por vezes, ocorria alguma desavença com alguém mais agressivo. Para a vizinhança, o assassino de Oliveira é o mesmo homem.