Enquanto pacientes amargam espera e sofrimento em filas de urgência pelo Estado afora, moradores de Nova Roma do Sul desfrutam da melhor saúde básica. A cidade sequer conta com hospital, apenas com um pronto-atendimento que funciona 24 horas. Mesmo assim, conquistou o primeiro lugar no ranking da saúde no Estado, segundo o Índice de Desenvolvimento Socioeconômico (Idese).
Um dos segredos da qualidade é o pronto-atendimento, porta de entrada para todos os moradores via Sistema Único de Saúde (SUS) da cidade. A estrutura é nova, com dois pavimentos, organizada e limpa. A equipe é formada por três clínicos gerais, ginecologista, dois dentistas, dois fisioterapeutas, assistente social, nutricionista, fonoaudióloga, psiquiatria e psicólogo. Estes profissionais dão conta da demanda dos pouco mais de 3,5 mil habitantes.
– Nós tentamos ensinar principalmente o autocuidado, para que aprendam que a atenção à saúde precisa partir dele mesmo – garante o secretário de Saúde e vice-prefeito, Roberto Panazzolo.
Comparado a hospitais de cidades mais populosas, o cenário chega a ser atípico. A recepção tem cadeiras confortáveis e dificilmente está lotada. A maior parte das salas tem ar-condicionado, e a sala para fisioterapia é tão bem equipada como consultórios particulares. Uma das pacientes que usufrui do espaço três vezes por semana é a aposentada Uzana Lodi, 82 anos. A dificuldade ao caminhar é driblada com exercícios que promovem o alongamento do corpo, treinam condições respiratórias, entre outras melhorias:
– É joia o atendimento aqui. Nos tratam como da família mesmo – define Uzana.
É claro que por se tratar de um município bastante pequeno, é possível cuidar das pessoas com mais proximidade. É o que defende o secretário de Saúde ao explicar que agentes de saúde e um único médico, além de enfermeiros, visitam cerca de 1.050 famílias com frequência. Desta maneira, a equipe acompanha de perto as gestantes – o que influencia diretamente no índice materno-infantil – e também idosos com doenças crônicas. Enquanto a expectativa de vida no Brasil é de 74,4 anos, em Nova Roma do Sul, é de 76,06 anos.
– Com este acompanhamento, conseguimos manter nossa mortalidade infantil praticamente zerada. Uma criança morre a cada dez anos, e quando acontece, porque focamos muito em prevenção, como vacinas e exames – explica Panazzolo.
O Idese faz a avaliação baseado em condições de saúde básica, que envolve principalmente os atendimentos materno-infantil, longevidade, condições gerais, mortalidade infantil, entre outras informações. Outros dois municípios da Serra também estão no topo do ranking: São Jorge e Nova Araçá. Os dados foram colhidos em 2014 pela Fundação de Economia e Estatística, a FEE.
Saúde
Mesmo sem hospitais, Nova Roma do Sul é referência em saúde básica no Estado
Ranking do Idese utiliza cinco indicadores, entre eles a taxa de mortalidade e a longevidade
Raquel Fronza
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