O diretor da Penitenciária Industrial de Caxias do Sul (Pics), André Gomes Gomes, nega qualquer acordo com apenados ou descontrole na casa. Ele admite que o presídio precisa de uma revista geral. Neste ano, em consenso com a BM de Caxias, o diretor enviou duas solicitações à Susepe para a realização de uma operação na penitenciária, mas não recebeu resposta sobre prazos.
Leia mais:
Servidores denunciam que detentos controlam Pics
"Pago para evitar agressões a meu filho", afirma mãe de detento
Pioneiro: Por que entram tantas drogas na Pics?
André Gomes: A gente tenta evitar, todos os dias. Só que a Penitenciária Industrial está na cidade e temos o problema dos arremessos. São drogas e celulares, como já apreendemos várias vezes. Fazem de tudo para ludibriar a guarda. As tentativas são várias e constantes. As visitas passam pelo detector e algumas vezes não deixamos entrar porque pode estar “enxertada”. A proibição da revista íntima colaborou para este cenário. Nós realizamos o “bate-grade” diariamente. Quando chega a denúncia, na medida do possível, tentamos entrar na cela e apreender o material. Só que nosso efetivo funcional é reduzido.
A última revista foi em 2011. Por quê?
Já foi solicitada uma revista desde janeiro, após uma fuga. A BM requisitou e a direção da casa também. Entretanto, a desculpa é o déficit de efetivo da BM e da Susepe. A Pics é umas das maiores penitenciárias mista do Estado. Necessita de uma grande mobilização. Cabe aos comandos da Susepe e da BM determinar. Sou o administrador e solicitei (o pente-fino). Cinco anos (sem revista) é tempo demais. Teria que ter. Conforme as tratativas, esperamos que ocorra até o final do ano. No dia 20 do último mês (novembro), fiz uma nova requisição.
Há denúncias de uso escancarado de drogas e celulares no pátio.
Não tenho conhecimento das denúncias. No pátio, geralmente escondem. Não ficam demonstrando, eles mesmos (os presos) apertam. Não posso dar garantia que não exista isso. A droga é por arremesso ou entrada com as visitas.
Está cada vez mais difícil controlar a Pics?
O apenado não controla a cadeia. É uma inverdade. Com superlotação e o déficit funcional, tem o jogo de cintura. Os apenados têm um representante que fala por eles. Claro que há dificuldades em uma cadeia que é projetada para menos de 300 e comporta 600 presos. É administrar o caos. Eles têm a lei deles, mas respeitam a disciplina da casa. Se não seria o caos, um transtorno para todo mundo. Não se faz acordo com apenado. A Susepe tem uma portaria seguida à risca.
Insegurança
"O apenado não controla a cadeia", diz diretor de presídio de Caxias do Sul
Neste ano, o diretor enviou duas solicitações à Susepe para a realização de uma operação na penitenciária, mas não recebeu resposta sobre prazos
Leonardo Lopes
Enviar emailGZH faz parte do The Trust Project
- Mais sobre: