
A carência de leitos no SUS em Caxias do Sul, que acarreta filas de espera e desemboca até no Pronto-Atendimento 24 Horas (Postão), onde vagas na observação demoram a ser desocupadas por dificuldade de transferência, não tem perspectiva de resolução a curto prazo. Hospitais particulares, que eventualmente vendem vagas ao sistema público, também operam sem grande margem, mesmo nas proximidades das folgas de Natal e Ano-Novo. A tendência é de que as instituições esvaziem nos próximos dias já que cirurgias eletivas podem esperar, mas a procura deve ser retomada com força no início de 2017.
A estratégia da 5ª Coordenadoria Regional de Saúde (5ª CRS) é fortalecer hospitais da região, que atendem a casos de menor complexidade, para que mais pacientes deixem de ser trazidos a Caxias. Com as trocas de gestão nas prefeituras, a tendência é de que esse trabalho ganhe força no início de 2017. Algumas especialidades, no entanto, ainda têm Caxias como referência por causa da estrutura oferecida, caso de cardiologia, traumatologia e neurologia, por exemplo. A 5ª CRS compreende 49 municípios, incluindo Caxias.
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– Algumas pactuações permanecem e procuraremos avançar. Vamos ver o que os hospitais podem estar oferecendo, no que podem ser referência – explica a titular da 5ª CRS, Solange Sonda.
Em Caxias, a criação de novos leitos por enquanto reside apenas na construção do hospital materno-infantil junto ao Hospital Geral, mas não há previsão de conclusão do prédio, tampouco de abertura. Serão 136 vagas, incluindo 20 de UTI. Enquanto isso, o sistema público tem se socorrido da compra de leitos em instituições privadas. Já no Virvi Ramo, são 58 vagas fixas mantidas por convênio com o governo federal.
A maior parte dos hospitais opera com alta ocupação. O Pompéia, por exemplo, tinha 80% dos leitos públicos ocupados na terça-feira pela manhã, o que não significa que o aproveitamento dos demais seja simples: se houver um paciente homem na espera, por exemplo, só poderá ser acomodado em quarto masculino.
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– O problema não passa apenas por Caxias, mas por um redesenho da região. Mas nós fazemos o que conseguimos. Se a secretaria da Saúde pedir 20 leitos, daremos um jeito, até transformar um apartamento em quarto semiprivativo, colocando mais leitos. O que estiver na nossa capacidade, faremos com certeza – salienta Daniele Meneguzzi, superintendente administrativa do Pompéia.
Na terça-feira, os leitos de internação do SUS no HG estavam 90% ocupados, e no Virvi Ramos, 78%.
Atendimento
O Círculo também atende pelo SUS do programa Proface, para cirurgias em crianças com fenda palatina e lábio leporino.
Convênios dependem de credenciamento
Além do Pompéia e do Virvi, os hospitais Saúde e do Círculo eventualmente socorrem o SUS, por meio da venda de vagas a partir de pedidos da central de leitos, responsável por direcionar os pacientes do sistema público. Ir além, no entanto, depende de burocracias: convênios para disponibilização de vagas fixas para o SUS dentro de hospitais privados dependem de credenciamento específico com o Ministério da Saúde. No caso do Hospital Saúde, por exemplo, esse credenciamento foi encerrado em 1996.
– O que fazemos é, quando solicitado, a central de leitos compra vaga e serviços nossos, de acordo com uma tabela – explica Eduardo Guedes, gestor institucional.
No caso do Hospital Unimed, a estratégia é não vender leitos para o SUS, para conseguir atender à carteira de clientes que chega a 300 mil na região.