Ela repousa logo ali, separada do presente pelo tênue fio intangível da sucessão dos dias que se transformam em anos e estabelecem a compreensão do passar do tempo. Observo meu rosto no espelho e tento encontrar nele a permanência de traços que me remetam a ela ou que pelo menos insinuem a existência de um elo concreto com uma época distante no calendário e, ao mesmo tempo, tão presente nas manifestações da memória. Talvez os sinais dela se escondam em meio às dobras das rugas que já raiam as esquinas dos olhos; talvez seja possível seguir seu rastro contando os fios brancos de cabelo que já se fazem incontáveis e irredutíveis em seu movimento de avanço; talvez a pista de seu paradeiro repouse nos sulcos da testa ou no relaxamento das pálpebras. Não sei.
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