Um ano depois da promessa de lombadas eletrônicas para inibir a velocidade e frear acidentes no acesso da ERS-122 ao Cidade Industrial, em Caxias do Sul, nada mudou. Em junho do ano passado, durante visita a Caxias do Sul, o secretário estadual dos Transportes, Pedro Westphalen, disse que uma lombada eletrônica seria instalada no Km 72, ponto conhecido como trevo da Iveco. Questionados pelo Pioneiro, o Daer e a Secretaria Estadual dos Transportes não se posicionaram até a conclusão desta reportagem. Esse é um dos pontos críticos para acidentes da Rota do Sol na Serra e está entre os 16 elencados pelo Ministério Público (MP) como carentes de providências urgentes. O MP quer que o Estado apresente ao menos projeto para as demandas ainda sem solução.
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A solução para os pontos críticos na Rota do Sol pode passar por mudanças mais profundas: a duplicação da Rota do Sol, estudo encaminhado pelo Estado ainda em 2014. Segundo o Daer informou ao MP, está em andamento um Termo de Referência para Estudo de Viabilidade Técnica e Ambiental (EVTEA) da Rota. O Daer se comprometeu com o MP a tentar incorporar ao projeto propostas para os 16 pontos críticos. A previsão é de que o Termo de Referência esteja pronto em setembro.
Enquanto isso, locais como o trevo da Iveco amargam acidentes. No local exato onde fica o trevo da Iveco, 18 pessoas perderam a vida desde 1997. Se motoristas se arriscam para ingressar no Cidade Industrial e arredores, pedestres sofrem para atravessar.
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Quem já se machucou em acidentes encara o medo. Atropelada quando tentava atravessar no dia 31 de outubro de 2013, Elisiane Escain, 34 anos, procura desviar para não se arriscar novamente. Ela ficou 11 dias na UTI, quatro em coma. Por causa de fraturas, usou cadeira de rodas por cinco meses e, em outros dois, se apoiou em muletas.
– Não tenho a mínima vontade de atravessar ali novamente, a sensação é horrível, dá uma dor no peito. Volto para casa de ônibus porque é mais seguro – diz ela, que trabalha como operadora de prensa.
O número de ocorrências pode ser ainda maior, porque nem todos os acidentes com danos materiais são comunicados à polícia.
– Está faltando vontade do poder público municipal e estadual. Quanto mais acidentes, mais pessoas vão para o Pompéia e o Hospital Geral, é mais custo ao Estado e ao município – critica o presidente da Associação dos Moradores do Bairro (Amob) Cidade Industrial, Hugo Trindade da Silva.
Ao MP, o Daer alegou "desconhecer expediente que verse sobre a instalação de lombada".
MP quer que Estado apresente projetos
O Ministério Público (MP) quer que o Estado apresente, ao menos, projetos para intervenções em pontos críticos da Rota do Sol em Caxias do Sul. Dos 16 pontos críticos apresentados pelo MP em 2014, três já receberam intervenções: o acesso a São Ciro, com quebra-molas, o trevo de Monte Bérico, com sinaleiras (ambos via acordo do Estado com o município) e o acesso do Santa Fé pela Avenida Dr. Mário Lopes, onde o Estado recolocou lombadas eletrônicas. Um outro ponto, o trevo junto ao antigo posto São Luiz, ganhará uma rotatória – o município encaminhou alterações do projeto ao Daer e aguarda sinal verde para começar.
De acordo com o 2º promotor da Promotoria de Justiça Especializada de Caxias do Sul, Adrio Gelatti, a cobrança é para que o Estado apresente os projetos.
– Sabemos que neste momento não há recursos para as obras, mas quando tiver, ao menos os projetos estarão prontos. Vamos ganhar tempo – aponta o promotor.
Em março, o MP voltou a se reunir com o Daer e o município para cobrar o andamento dessa obra e providências para os demais pontos. No quadro, confira as demandas apontadas pelo MP e a situação de cada uma delas. O Daer não respondeu se tem projetos em andamento.
Mobilidade
Um ano após promessa, trevo da Iveco, na Rota do Sol, segue sem lombadas eletrônicas em Caxias
Esse é um dos 16 pontos considerados críticos em estudo do Ministério Público
Cristiane Barcelos
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