
De forma inédita, Caxias do Sul conta, a partir desta sexta-feira (21), com uma rede de estações meteorológicas que fornecerá dados climáticos a toda a população. São oito equipamentos que estão instalados em diferentes regiões do município. Desses, seis já estão em operação e dois estão em fase final de instalação. O projeto, nomeado como Inteligência Climática para Caxias do Sul, é liderado pela Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) e pretende beneficiar, principalmente, o agronegócio e a Defesa Civil do município.
Os sensores das estações coletam em tempo real dados como pluviometria, velocidade e direção do vento, umidade, temperatura e pressão do ar. A população ainda terá informações como horas de frio, sensação térmica, ponto de orvalho, previsão de geada, molhamento foliar e alertas de condições de doenças.
As propriedades rurais selecionadas incluem as áreas de Monte Bérico, Vila Seca, Fazenda Souza, Vila Oliva, 3ª Légua, Sebastopol, Santa Lúcia do Piaí e Lajeado Grande, distrito de São Francisco de Paula. Segundo a diretora de Agronegócios da CIC Caxias, Gabriela Guazelli, os locais foram escolhidos por critérios como nível de produção, relevo e existência de sucessão rural na propriedade.
Instaladas em altitudes que variam de 85 a 889 metros, as estações fornecerão informações dos diferentes microclimas do município. Para Gabriela, este é o começo de um projeto que trará uma base de dados muito relevante para a comunidade e, principalmente, para os agricultores. A intenção é que, na prática, o material ajude na assertividade das decisões e colabore para a redução de custos dos cultivos.
— O primeiro passo, agora, é aprender a usar esses dados e qualificá-los para os cultivos que nós temos em Caxias do Sul. Depois, poderemos explorá-los e cruzá-los com inteligência artificial ou com outras metodologias. O projeto inclui seis treinamentos — explica Gabriela.
O cofundador e líder comercial da startup responsável pela tecnologia, Mario Apollo Brito, acrescenta ainda que as informações podem ser utilizadas também em eventos climáticos como as enchentes. Ele exemplifica que a partir dos dados integrados e abertos de Caxias sobre o volume de chuva, os municípios do Vale do Caí poderão decidir sobre a evacuação de determinadas áreas.
— Na hora que está tendo um evento extremo, é muito delicado decidir ou não evacuar a população. Precisamos ter dados confiáveis, uma rede de leitura — justifica.
O presidente da CIC, Celestino Loro, acrescentou que a proposta será benéfica para as próximas gerações do agronegócio, dando subsídio a pesquisas e estudos.
— Quantos trabalhos de produção de frutos nós vamos ter nos próximos anos? Teremos descobertas extraordinárias — projeta.
Como acessar
Quem tiver interesse em acessar as informações, deverá acessar o site da CIC e preencher um breve cadastro. Em até cinco dias, haverá o envio das orientações e um login para baixar um aplicativo. A intenção é de que os produtores rurais da cidade sejam capacitados para interpretar os dados.
Investimento
O projeto envolve um investimento total de R$ 230 mil, compartilhado entre Sicredi Pioneira, CIC Caxias, empresas parceiras e produtores rurais selecionados. A tecnologia e instalação das estações estão a cargo da Elysios, uma startup gaúcha especializada em soluções de monitoramento climático e rastreabilidade agrícola.