Caxias do Sul teve um salto na razão de mortalidade materna (RMM) de 2020 para 2021. Dados da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) mostram que, enquanto no primeiro ano foram 18,1 óbitos por 100 mil nascidos vivos (uma morte), ano passado o índice parcial foi para 57,9 óbitos por 100 mil nascidos, com três mortes maternas. Do total de 2021, dois óbitos foram em decorrência da covid-19.
Nos últimos cinco anos, a RMM de 2021 é a maior, em comparação com 17,2 óbitos por 100 mil nascidos vivos em 2017 e 2018 (uma morte em cada ano) e 52,8 em 2019 (três mortes). Segundo o diretor de Gestão, Planejamento e Políticas da SMS, Dino de Lorenzi, a pandemia impactou diretamente no número de óbitos maternos em todo o país, aumentando em até 600 vezes, e Caxias do Sul se manteve na mesma realidade.
Ainda conforme informações da SMS, apenas 65,4% das gestantes receberam duas doses de imunizante para a covid-19 e apenas 30,7% as três doses.
— A imunização pré-natal completa contra a covid-19 e outras infecções, inclusive a da gripe, é uma estratégica importante e segura para reduzir a mortalidade materna — pontua Lorenzi.
Ele explica que as causas dos óbitos são classificadas em indiretas (decorrentes de doenças prévias que se agravam com a gestação, como a covid), e diretas, que são as doenças que surgem em decorrência da própria gestação ou do manejo inadequado (como diabetes e hipertensão).
— As causas diretas são as que mais podemos evitar, rapidamente. Nos países desenvolvidos, predominam as causas indiretas. Caxias tem um terço por causas diretas e dois terços por indiretas. Temos o perfil de mortalidade de país desenvolvido — complementa.
As causas são parâmetros para também avaliar a assistência materna no pré-natal e no parto: causas diretas alertam para baixa qualidade da Atenção Primária. Já as causas indiretas demanda uma maior necessidade de atendimento especializado e de maior complexidade tecnológica, além da oferecida.
— Quando há queda nas mortes por causas diretas, o nosso pré-natal e nossa assistência ao parto são bons. Quando aumentam muito as causas indiretas, isso mostra que a gente tem que dar mais tecnologia, mais sofisticação além do que está sendo oferecido. Tem que ser feita uma retaguarda técnica — afirma.
Entenda
O RMM é o principal indicador para avaliar a qualidade da assistência às mulheres durante o pré-natal, parto e nascimento. Até o momento, no Estado, o índice parcial aponta que das 114 mortes maternas, 62 (54,38%) foram em decorrência da covid-19. Em relação ao cenário nacional, o RS é o sexto Estado com o menor índice.
Parâmetro da RMM
:: Baixa: até 20/100 mil
:: Média: de 20 a 49/100 mil
:: Alta: de 50 a 149/100 mil
:: Muito alta: maior que 150/100 mil