A espera para quem buscou atendimento na tenda montada em frente à Unidade de Pronto-Central (UPA) Central chegou a quase seis horas na tarde desta quinta-feira (18). Um paciente, que preferiu não ter o nome divulgado, conta que chegou ao local, com exame positivo para a doença, às 10h40min e foi atendido às 16h25min. Ele também referiu que a estrutura estava cheia e que pessoas com diagnóstico positivo estavam no mesmo ambiente dos demais que ainda não sabiam se tinham ou não sido infectados. O relato foi corroborado por outras duas pessoas que aguardavam atendimento.
O motorista de ônibus, Roger Santos Fagundes, 42 anos, chegou à tenda às 12h15min. Quando falou com a reportagem, uma hora e meia depois, disse que apenas três pessoas tinham sido chamadas e que ainda tinham 15 para serem atendidos na frente dele. Atrás dele na fila, haviam 22 pessoas. Ele procurou a tenda para tentar fazer o teste para a covid-19, porque teve sintomas fortes na última terça-feira: febre, dor nas costas, diarréia, cansaço e dor na garganta.
- Pode ser só uma virose. Acho que a metade que está na fila não tem a doença, mas ficar aqui, com o pessoal que está confirmado, é perigoso para todo mundo - considerou o motorista.
As pancadas de chuva que caíram no começo da tarde em Caxias agravaram a situação. Para não deixar as pessoas expostas à chuva, elas foram orientadas a fazer uma fila em formato de "S" dentro da tenda. Sandra Regina de Ross, 53 anos, tinha resultado positivo de exame RT-PCR feito nesta manhã e, ao chegar na tenda, recebeu orientação para esperar na mesma fila dos demais.
- Eu estou positiva e estou aqui com o pessoal que não sabe se está positivo. Tem umas 40 pessoas aqui, posso passar para todos. Não se dão conta disso? Tem uma moça desde às 10h. Não anda (a fila) - relatou, referindo que é hipertensa, que está com tosse e dor no corpo.
O paciente que prefere ter o nome preservado também disse que apenas a sala de triagem estava funcionando e que os consultórios estavam vazios. Que depois de passar pela triagem, foi para outra fila para aguardar medicamentos.
A reportagem questionou a prefeitura sobre quantos médicos atendiam no local; se houve redução de médicos em algum horário, como no almoço; se teve aumento na procura por atendimento na tenda nos últimos dias; quantas pessoas estão sendo atendidas por dia; quem deve efetivamente procurar a tenda (pessoa com sintoma, com resultado positivo); qual o fluxo após a pessoa chegar na tenda; e se é o procedimento deixar pessoas positivas no mesmo ambiente dos que só tem sintomas e não sabem se têm ou não a doença. A assessoria da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) disse que encaminharia as respostas nesta sexta-feira (19).