Atuando incansavelmente em estratégias relacionadas ao enfrentamento do coronavírus, a médica infectologista e diretora das vigilâncias em Saúde de Caxias do Sul, Andréa Dal Bó, 44, tornou-se, nos últimos meses, uma figura publicamente conhecida pelo trabalho desenvolvido na cidade.
O que poucos sabem, porém, foi de que forma a médica, que nasceu em Recife (PE) e se formou em Curitiba (PR), chegou à Serra gaúcha, onde vive desde 2010. A aprovação no concurso público local só fez completar os planos do casamento com o empresário Leandro Dal Bó, 41, que é de Flores da Cunha.
A especialização em infectologia, iniciada por ela em São Paulo e continuada na Angola e na África do Sul, resultou no conhecimento que hoje aplica em seu trabalho e, de quebra, garantiu o inusitado encontro com o homem que se tornou seu marido e com quem teve Gabriel, de oito anos, e a Laura, de cinco.
— Nos conhecemos em uma festa junina de brasileiros que estavam em Angola, isso foi em 25 de junho de 2005 — recorda Andréa.
Ela já estava no país africano há seis meses, atuando com uma equipe liderada por um médico de São Paulo em programa de combate à transmissão de HIV junto ao Ministério de Saúde do país. No mesmo período, Dal Bó trabalhava para uma empresa brasileira de análise de sistemas que prestava serviços ao Ministério de Finanças angolano. Eles ficaram no país por mais dois anos até decidirem retornar ao Brasil.
Com o retorno, porém, ele acabou indo morar em Porto Alegre e ela permaneceu em São Paulo. A distância amenizada pelas visitas quinzenais ficou um pouco mais difícil de enfrentar quando ele precisou retornar à Angola, onde morou por mais nove meses.
— Neste período, ficamos a distância mesmo, mas quando o amor é de verdade, a gente aguenta — garante a médica, que já estava decidida a casar com o gaúcho.
O desejo foi realizado cinco anos depois do primeiro encontro mas, mesmo assim, na década de casamento que se completa em 2020, em meio à pandemia, o casal ainda busca preservar os elementos que os fizeram querer estar juntos.
— Quando a gente namorava, brindamos e ele desejou que nosso namoro durasse muito. Eu disse que queria casar e a gente ri até hoje porque ele se engasgou quando falei. Hoje, casados, ainda desejo que nosso namoro dure muito, que a gente nunca perca a paixão do começo — conta.
Preservando o eterno namoro
— A gente ganha mais maturidade com o tempo e o que mais nos fortalece é o "ceder", de ambos os lados. Assim, a gente consegue preservar o nosso eterno namoro — avalia a médica, que mesmo em meio à rotina, procura estabelecer momentos a dois com o marido.
Desde a intensificação local dos trabalhos de enfrentamento ao coronavírus, a médica tem atuado em uma carga horária que chega a 13 horas por dia durante a semana, e ainda se mantém ativa aos finais de semana, com atualização de boletins epidemiológicos e outras responsabilidades que fazem parte de sua função.
Além disso, ela e o marido se dividem na atenção aos filhos, que agora cumprem as tarefas de casa em função da suspensão das aulas nas escolas. Para completar, Andréa também está cursando doutorado em Saúde Coletiva, pela Unisinos, também a distância por conta das medidas de isolamento social. Em meio ao turbilhão, ela afirma encontrar tempo para cultivar o convívio tanto em família quanto em casal.
— A gente sempre toma café da manhã e janta juntos. Além disso, em algum momento da semana, buscamos reservar um tempinho a dois para abrir um vinho ou um espumante, compartilhar como cada um está se sentindo — garante.
Para Dal Bó, diante das mudanças causadas pela pandemia, estes momentos se tornaram importantes no relacionamento do casal. O namoro, que começou na África do Sul, com viagens por países do continente e também da Europa, foi a base para tudo que eles compartilham hoje, agora em família.
— A família aumentou, mas a gente tenta ter os nossos momentos até para reconectar com este passado e preservarmos este namoro que vivemos de forma intensa e que soubemos aproveitar tão bem — completa o marido.