
O Hospital Tacchini, de Bento Gonçalves, integra um grupo de pesquisa voltado a estudar um dos principais assuntos relacionados à covid-19: o uso da hidroxicloroquina no tratamento de pacientes. A instituição iniciou o estudo nesta semana, ao lado de outros 60 hospitais do país. Chamado de Coalisão Covid Brasil, o grupo reúne alguns hospitais de referência nacional, como o Albert Einstein e o Sírio-Libanês, em São Paulo, além do Moinhos de Vento, em Porto Alegre.
Ao todo, serão realizados três estudos diferentes, todos com o objetivo de avaliar a resposta de pacientes a medicamentos utilizados para tratar outras doenças, em especial a hidroxicloroquina. A pesquisa conta com o apoio do Ministério da Saúde.
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O primeiro levantamento pretende observar os efeitos da hidroxicloroquina em pacientes internados com um quadro leve de covid-19 e também o resultado da associação da substância com o antibiótico azitromicina. No total, o grupo pretende monitorar 630 pacientes nesta condição, sendo que quatro já foram selecionados pelo Tacchini.
No segundo estudo, serão avaliados casos mais graves, que necessitem de suporte respiratório com a utilização de hidroxicloroquina e azitromicina associadas. Nesse caso, serão 440 selecionadas dentre todos os hospitais participantes. Já o terceiro estudo pretende verificar a evolução de 284 pacientes com quadro de saúde grave, que necessitem de ventilação mecânica, com o uso do anti-inflamatório dexametasona.
De acordo com a diretora técnica do Tacchini, Roberta Pozza, a seleção dos pacientes ocorre de acordo com a procura dos serviços de saúde por pessoas com síndrome gripal que precisam de internação. Eles passam por uma avaliação para verificar se atendem às necessidades da pesquisa e assinam um termo de consentimento. A partir disso, passam a receber as doses e são submetidos a monitoramento constante para verificar a evolução do quadro e possíveis efeitos colaterais.
- Ao realizarmos esses estudos, introduzimos a possibilidade dessa terapêutica a partir de agora. Se fôssemos esperar somente o resultado final, esses pacientes não teriam essa possibilidade - justifica Roberta ao falar da importância do estudo.
A médica destaca, contudo, que não há respostas definitivas. Por isso, é importante monitorar especialmente a situação cardíaca dos pacientes, já que a hidroxicloroquina pode causar arritmias.
- Ela não é considerada uma resposta pronta, de que é certo que traga benefícios. Ainda está numa esfera de estudos clínicos - explica.
O número de pacientes avaliados no Tacchini é incerto porque depende da demanda por internações. Os dados coletados na instituição serão enviados para a coordenação do estudo, que reunirá as informações de todos os hospitais e irá elaborar as conclusões. A quantidade divulgada de pacientes que serão avaliados corresponde ao máximo definido pelo estudo nos 60 hospitais participantes. A expectativa é de que os primeiros resultados possam ser divulgados em 90 dias.
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