A conta é simples: um passageiro que utiliza ônibus duas vezes por dia, seis vezes por semana, e recebe um salário mínimo mensal - R$ 1.045 - terá que arcar com 21% do valor do seu orçamento pessoal para o transporte público. A partir dessa sexta-feira (28), a passagem em Caxias do Sul passou a custar R$ 4,65.
O reajuste de 9,41% elevou a tarifa em R$ 0,40. Pela manhã, trabalhadores faziam contas nas paradas de ônibus. Na Estação Principal de Integração Imigrante (EPI Imigrante), a auxiliar de escola Nice Andrade, 56 anos, pensava na nova realidade. Ela mora no bairro Cruzeiro, trabalha no Vila Ipê e, por isso, pega seis ônibus por dia. Nice, no entanto, paga quatro passagens por dia, já que pode fazer a troca de linha sem custo dentro da Estação.
— Os ônibus estão sempre atrasados, agora o valor da passagem está insuportável! — disse antes de embarcar na Linha Troncal TR01.
A vendedora Helena Araújo também reclamou do aumento da passagem. Ela se desloca diariamente do bairro Marechal Floriano até o bairro São Leopoldo, para cumprir sua jornada de trabalho.
— O valor do transporte coletivo é descontado 6% na folha de pagamento em um momento que já enfrentamos aumentos em outras áreas. Tudo vai se somando e fica difícil para o trabalhador — diz Helena.
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A economista e professora Maria Carolina Gullo explica que o ideal, para qualquer cidadão, é que o gasto com transporte não chegue nem próximo dos 20% do orçamento. O razoável, segundo ela, é que não passe de 15%. O custo mensal de alguém que embarca em dois ônibus por dia, seis vezes por semana, chega, agora, a R$ 223,20. A diferença é de R$ 19,20 por mês em relação ao valor anterior, de R$ 4,25.
— Se colocássemos esse reajuste de 9,41% no valor do salário mínimo, o incremento seria de R$ 98,33. Esse aumento é mais de duas vezes a inflação do ano passado (medida em 4,31 pelo IPCA) — ressalta a economista.
O reajuste que entra em vigor nesta sexta também vale para os trajetos intramunicipais. Para este tipo de transporte, o valor por passageiro é de R$ 9,47.