A estação das flores começa nesta segunda-feira (23) e, com ela, chegam as condições climáticas ideais para o cultivo de hortaliças e outras plantas. Para fomentar ainda mais a soberania alimentar, conquistada por meio da autonomia no cultivo do próprio alimento — ou, pelo menos, de algumas variedades de ervas aromáticas — estudantes da Escola Família Agrícola da Serra Gaúcha (Efaserra) desenvolveram um projeto integrado que inclui a criação de uma composteira.
O reaproveitamento de matéria orgânica como adubo não é novidade, especialmente no meio rural, mas, neste caso, a proposta foi criar um formato que viabilizasse a prática da compostagem em espaços urbanos. O resultado do projeto, iniciado em maio deste ano, foi compartilhado com frequentadores da Feira Ecológica de Caxias do Sul no último sábado (21).
Dos 62 alunos do 1º ano do Ensino Médio que desenvolveram suas próprias composteiras em casa, Renata Lozz, 15, Eduardo Klein, 16, e Flávia Bernardi Rankrappes, 16, assumiram a missão de levar adiante o conhecimento obtido por meio de pesquisas e experiências acerca do tema.
— É um incentivo pra cultivar plantas em casa. O material não é substrato, terra em si, mas pode ser usado como adubo em canteiros de jardins e hortas urbanas. Além de incentivar a autonomia alimentar, é uma forma de proporcionar um destino melhor para o lixo — explica a professora Heloísa Camello, que propôs e coordenou a atividade com os estudantes.
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Confira o passo a passo para montar — de forma simples — uma composteira doméstica:
1. A ideia é reaproveitar o que se tem em casa, portanto, um balde inutilizado, um tonel de plástico ou qualquer outro recipiente que possa ser devidamente tampado serve como base para a montagem da composteira urbana.
2. No projeto modelo, os estudantes instalaram uma torneira na parte inferior do recipiente. Ela serve para o escoamento do chorume, um líquido resultante da decomposição dos resíduos orgânicos. Na proporção de uma medida de chorume para 10 de água, a mistura pode ser aplicada em solos, atuando como fertilizante. A retirada do chorume é opcional, porém garante que o processo de decomposição seja mais eficaz.
3. A regra básica para uma compostagem ideal encontrada pelos estudantes foi da proporção de três medidas de carbono (palha, serragem, vegetação seca) para uma medida de nitrogênio (resíduos orgânicos). A composteira, portanto, deve ser preenchida inicialmente com uma camada base da matéria seca.
4. A próxima camada é de matéria orgânica a ser descartada, atentando-se para o que pode e o que não pode ser depositado na composteira, tendo em vista que alguns alimentos dificultam a decomposição.
5. Outra camada de carbono (na proporção três para um) deve cobrir os resíduos orgânicos. Uma breve umidificação com água pode acelerar o processo.
6. O depósito de material segue ocorrendo em camadas, conforme a necessidade de descarte de resíduos orgânicos. A proporção carbono/nitrogênio adequada e a utilização de uma tampa garantem que a compostagem não gere odores desagradáveis.
7. A fermentação da decomposição pode gerar calor de até 60°C, mas a professora Heloísa afirma que não há perigo de uma "explosão" causada pelos gases. A composteira deve ser instalada em um local arejado da casa e, no caso dos baldes, pode ser continuada com o empilhamento dos recipientes.
8. A maturação depende dos materiais depositados, mas a média é de três meses para que o composto esteja pronto para retornar ao solo em forma de adubo.
O que PODE ser depositado
- Cascas, caroços e sementes de frutas
- Restos de legumes
- Talos e folhas de vegetais
- Cascas de ovo
- Erva-mate
- Café
- Guardanapos usados
O que NÃO pode
- Restos de alimentos que contenham azeite ou sal ou vinagre
- Feijão
- Arroz
- Massa
- Carne e ossos