A RGE, concessionária de energia elétrica, e os Sindicatos de Trabalhadores Rurais (STR) das cidades da Serra farão mutirões para roçar as áreas no interior dos municípios por onde passa a rede elétrica. A ação foi definida em uma audiência pública proposta pelo Procon e realizada na tarde desta sexta-feira, em Caxias do Sul. O cronograma será estabelecido entre as entidades e os representantes da empresa.
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A medida é alternativa para minimizar um problema recorrente no interior: a falta de luz decorrente de incidentes causados por queda de galhos e árvores sobre os fios. Durante a audiência, representantes de moradores de 15 municípios relataram os transtornos e prejuízos causados pela demora no restabelecimento de energia, mesmo em períodos em que não ocorrem eventos climáticos, como vento ou chuva forte.
– Não é só o temporal. Às vezes coisas pequenas acabam deixando os agricultores sem energia. O restabelecimento demora muito a acontecer – relatou Rudimar Menegotto, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Caxias, referindo as perdas na produção e no armazenamento de frutas, leite e em aviários, entre outros.
Representantes de sindicatos de outras cidades fizeram coro a Menegotto, relatando, ainda, questões como estado precário de postes e baixa carga de energia na área rural.
– O agricultor poderia até investir mais, mas falta carga (de energia) nos locais mais afastados dos centros (urbanos) – falou Cedenir Postal, presidente do STR de Bento Gonçalves, Monte Belo do Sul e Pinto Bandeira.
– Por que não é feita a manutenção dos postes? Tem que ter uma explicação convincente – questionou Aloisio Utzig, presidente do STR de Picada Café e Nova Petrópolis.
Segundo o gerente da RGE, Edson Braz, 70% dos desligamentos na rede da região ocorrem por interferência da vegetação. Parte dela, plantada pelos agricultores. Ele pediu a colaboração dos sindicatos para solicitarem aos produtores o não plantio de árvores embaixo da rede. Braz também apresentou os investimentos da empresa: 80 mil postes trocados por ano (na área rural, 51% são de concreto) e manutenção em 20 mil quilômetros de rede. E disse que a legislação impede a RGE de levar redes trifásicas ao interior. Ele mencionou a supressão de 228 árvores que estavam embaixo da rede em uma localidade de Caxias nesta quinta-feira. Sobre os canais de comunicação com a empresa, a orientação é dar preferência ao SMS (envio do código do cliente para o número 27350). Outra forma, é o aplicativo CPFL Energia.
– A partir de hoje temos um compromisso conjunto que visa melhorarmos consideravelmente o fornecimento de energia na região – disse Braz.
O Procon vai encaminhar, no âmbito estadual, uma notificação à RGE com prazo de 10 dias para que a empresa se manifeste sobre as demandas apresentadas. Já o Procon de Caxias deve realizar nova audiência em 90 ou 120 dias. A ideia é ouvir das representações se os problemas foram solucionados ou não. Em caso negativo, o coordenador do Procon Caxias, Luiz Fernando Horn, não descarta ingressar com uma ação coletiva na justiça pedindo a revogação da concessão da RGE.
– Energia elétrica é um serviço essencial, deve ser prestado com qualidade e de forma contínua. Estamos falando de um serviço público concedido ao meio privado, que sabe da sua responsabilidade de fornecer esse serviço de forma ininterrupta. Se tivermos manutenção em dia, o número de ocorrências nas tempestades será drasticamente menor e, as equipes, se demorarem, não será no universo que ocorre hoje – observou Horn.