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Seis dias depois que um temporal derrubou árvores, arrancou partes do asfalto de uma estrada e danificou pontes em Fazenda Souza, no interior de Caxias do Sul, a reportagem voltou aos locais. Em alguns trechos foi feita a limpeza e remoção de troncos e galhos. Em outros, as marcas da devastação ainda estão presentes. A prefeitura estima que o custo para reparar os danos pode chegar a R$ 1 milhão.
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A Secretaria de Obras e Serviços Públicos (Smosp) ainda faz a análise do tipo de material que precisará ser utilizado para recuperar os trechos comprometidos e, assim, orçar as obras. O titular da pasta, Leandro Pavan, não descarta a possibilidade de decretar situação de emergência, já que a medida facilita a dispensa de licitação. É que, mesmo que utilize apenas recursos dos cofres do município para as obras, será preciso contratar serviços como maquinário, por exemplo.
A Smosp trabalha com seis pontos que foram atingidos de forma mais severa pela enxurrada. Quatro são trechos onde a estrada, de chão ou de asfalto, cedeu e outros dois são pontes. Dois desses seis são pontos críticos de risco de acidentes merecem atenção redobrada por parte dos motoristas. Uma das pontes, que fica perto da igreja de São José da 6ª Légua, teve o asfalto que recobre o pavimento arrancado pela força da água do rio. Além disso, cerca da metade da estrutura que compõe a travessia ruiu e foi levada pela correnteza. Mas, conforme avaliação da Defesa Civil a base da galeria de concreto não foi atingida, e portanto, não corre risco estrutural. A ponte fica em uma curva. O local foi sinalizado com cavaletes e fitas, mas o trânsito não foi interrompido e o fluxo de veículos segue no lugar, com exceção de caminhões com mais de 30 toneladas que precisam utilizar estradas vicinais.
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O outro ponto crítico é um trecho de aproximadamente 40 metros que desbarrancou da Estrada Municipal Domingos Mazzochi. Nos dias seguintes à enxurrada do último dia 6, o solo encharcado continuou cedendo fazendo com que praticamente toda a largura da estrada, as duas pistas, fossem consumidas pelo desmoronamento. No local, a prefeitura construiu uma espécie de desvio lateral ou terceira faixa, onde seria o acostamento da via e que ficou na largura suficiente para a passagem de um veículo por vez. O local também está sinalizado, só que com grandes tubos de concreto e redes de proteção. Equipes e máquinas trabalham na construção de um muro de contenção e concentram esforços no distrito. Para isso, outras obras foram adiadas.
– As ações agora são para restabelecer o fluxo, ou seja, permitir que caminhões consigam trafegar para possibilitar o escoamento da produção que está no auge de maçã, pera e caqui – explica Pavan.
Não há prazo para início das obras, mas a prospecção do secretário é que em cerca de seis meses tudo esteja pronto. Quando a obra começar, o trânsito deve ser totalmente interrompido nos trechos críticos.
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Especialistas avaliaram pontos de danos
A Defesa Civil Municipal instaurou processo para avaliação de todos os estragos. No último dia 6, a forte chuva que atingiu o interior fez açudes transbordarem e aumentou significativamente o volume do Rio da Cruz que corta as localidades de São José e São Braz, levando árvores inteiras, galhos.
– Foram mais de 120 milímetros em 40 minutos. O leito do rio não comportou toda essa água. Como é lomba abaixo, transbordou e desceu com velocidade gigante, arrastando tudo pelo caminho – disse o coordenador da Defesa Civil Municipal, Paulo Marcelo Pereira de Siqueira.
Um geólogo da Secretaria de Meio Ambiente avaliou cada um dos locais de danos. Um dos pontos de desmoronamento fica em uma área particular, cujo proprietário deve fazer as obras necessárias. Um barranco de cerca de cerca de oito metros cedeu, interrompendo uma estrada.
A secretária de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Smapa), Camila Sandri Sirena, disse que os danos à produção agrícola ocorreram de forma isolada em algumas propriedades. Por isso, não caracteriza impacto suficiente para um decreto de emergência em função das perdas. Ela referiu ainda que a maioria dos agricultores tem seguro que é encaminhado à Emater.