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A situação financeira delicada da Fenavinho, evento de Bento Gonçalves que ocorreu pela última vez em 2011, causou um desdobramento jurídico inusitado: um dos credores penhorou a marca Fenavinho para garantir pagamento de uma dívida estimada em R$ 300 mil. Se o atual administrador da equipe, o Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves (CIC-BG) não reverter judicialmente este processo, que corre desde 2010, a marca Fenavinho poderá ser leiloada. A última movimentação do processo, que já está em fase de cumprimento de sentença, ocorreu na terça-feira. Foi determinada a avaliação da marca penhorada, como medida prévia a designação de leiloeiro, para posterior leilão da marca, para que o valor devido possa ser pago à empresa autora da ação.
O registro de penhora também consta no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Mas, é possível que ainda seja realizado acordo, ou pagamento do valor devido, com a liberação da penhora da marca.A situação não é encarada como alarmante pelo CIC-BG, que garante que irá revertê-la. Em nota oficial, a assessoria jurídica da entidade afirma que “aguarda a formal comunicação da penhora, e que exercerá todos os recursos legais para que o processo seja resolvido da melhor maneira para ambas as partes”.
— Nós chamamos todos os credores e conseguimos bons negócios para chegar a valores de acerto. Normalmente, eles abrem mão de um valor alto para chegar em algo possível. E este credor entendeu que deveria conversar conosco judicialmente. Nós respeitamos este movimento legítimo, mas acreditamos no diálogo e na negociação amigável — afirma o presidente da entidade, Elton Paulo Gialdi.
A Eletro Zaffari é a autora da ação. A advogada Susan Gazzana, que representa a empresa na negociação, diz que a Fenavinho já perdeu o prazo para manifestação e que não será mais possível reverter o processo – o CIC-BG nega e afirma que irá resolver judicialmente.
— Como a Fenavinho não tinha mais nenhum bem, tivemos a ideia de penhorar a marca. O pedido foi feito em maio de 2018 e deferido pela juíza em junho. A Fenavinho teve tempo para recorrer, agora não tem mais. A questão não foi resolvida até agora por falta de bom senso, porque a feira não acreditava que a situação era grave — afirma a advogada.
Representantes do CIC-BG e da empresa se reuniram no final do ano, e não chegaram a um acordo.
O valor de uma marca
A Fenavinho é uma feira criada em 1967 e que tem caráter regional, reunindo e expondo boa parte do setor vinícola da Serra – especialmente de Bento Gonçalves. O CIC-BG, que atualmente incorporou a marca e negocia as dívidas para que a feira saia do papel, garante que a 16ª edição está garantida.
O prejuízo que a venda da marca pode causar é gigantesco, conforme analisa o professor e coordenador do curso de Publicidade e Propaganda da UCS, Ronei Teodoro da Silva.
— Se as marcas mais valiosas do mundo, a Apple, o Google e a Amazon vendessem toda a estrutura e produtos delas, ainda assim, não chega a um décimo do valor da marca. A marca vale muito mais que qualquer atributo físico de uma empresa, ela representa o resultado de todo investimento em divulgação e publicidade feito na história da empresa — explica Ronei.
O cálculo de quanto vale a marca Fenavinho está citado no processo como a próxima etapa a ser feita.
— Este cálculo é bastante complexo porque é medida a rede de contatos que a empresa tem, a inserção dela no mercado, diversos fatores são levados em conta. Não há nada mais grave a uma empresa que construir uma marca consolidada e partir para outro nome. É impossível voltar na história da Fenavinho e construir tudo de novo, a marca lembra de todo o legado que ficou para trás — encerra.
16º edição está programada
A retomada da Fenavinho foi anunciada no final do ano passado. Em 2017, a prefeitura chegou a afirmar que realizaria o evento para celebrar 50 anos de fundação, mas a ideia não vingou por falta de recursos. A 16ª edição da Festa Nacional do Vinho retornará junto da ExpoBento, de 13 a 23 de junho, na Fundaparque. A intenção é resgatar as raízes e a proposta original do evento promovido pela primeira vez há mais de cinco décadas, enfatizando os conceitos de celebração comunitária, de valorização da produção vitivinícola e enaltecendo a bebida símbolo da região.
A ideia é que dezenas de vinícolas expositoras participem. Uma Enoteca exibirá vinhos nacionais, suas regiões de procedência e as principais condecorações. Também estão previstos cursos de degustação e o Túnel do Tempo, que retratará a trajetória de meio século da feira. Será um espaço museológico com exposição de fotos e objetos, como a indumentária das imperatrizes.
Soberanas
A imperatriz e as duas princesas da Festa Nacional do Vinho 2019 (Fenavinho) serão conhecidas no dia 6 de abril, em uma celebração na Rua Coberta. Ontem, encerrou-se as inscrições e 26 candidatas se apresentaram para os cargos.