Até junho de 2015, a acadêmica de Biologia Josiane Borges da Silva, 23 anos, trabalhava à noite em uma empresa do ramo industrial, em Caxias do Sul. Como o chamado segundo turno da empresa foi fechado, tentou outras colocações, mas só conseguiu ofertas para vagas diurnas, que não pôde aceitar por coincidirem com o horário das aulas na faculdade. Acabou ficando sem emprego e sem plano de saúde, e a solução foi recorrer ao SUS.
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- Agora, estou fazendo estágio, mas também sem plano - conta a estudante, que frequenta a unidade básica de saúde (UBS) do bairro Planalto, onde mora, e em algumas ocasiões recorreu ao Pronto-Atendimento 24 Horas, o Postão.
Embora emblemático, o caso de Josiane não é único. Com a diminuição do número de usuários de planos e saúde em Caxias do Sul - 8.212 somente no segundo semestre de 2015 -, os reflexos estão aparecendo na saúde pública. Dados da Secretaria Municipal da Saúde indicam que as UBSs caxienses registraram, nos primeiros dois meses do ano, um aumento de 20% na procura em relação ao mesmo período do ano passado.
Embora não exista um levantamento mostrando a origem desses novos usuários do SUS, a titular da secretaria, Dilma Tessari, não tem dúvidas:
- Com certeza, é um impacto da crise.
Ela revela que o aumento da procura ocorre inclusive no atendimento noturno, por parte de pessoas que trabalham durante o dia e buscam atendimento à noite para não colocar o emprego em risco. No Postão, o crescimento da demanda também ocorreu, mas foi menor: foram 13% em janeiro e 12% em fevereiro, sempre em relação aos mesmos meses de 2015. As consultas especializadas deram um salto equivalente ao das consultas nos postinhos, 20%, e o número de exames subiu 23%.
Para Josiane, a troca do plano pela UBS foi tranquila:
- Os funcionários do postinho são atenciosos e o atendimento costuma ser rápido. Só demora um pouco mais quando é no Postão ou alguma consulta especializada - relata.
