De frentista a brigadiano, trabalhadores de Caxias se preparam para receber os turistas na Festa da Uva

Não basta ser caxiense. Em tempos de Festa da Uva, tem que participar. E para muitos, como o frentista Julio Almeida, 42 anos, a forma de colaborar é sabendo prestar ao turista que visitará a cidade entre 18 e 28 de fevereiro a informação mais precisa. E para ter na ponta da língua o trajeto até os pavilhões ou os melhores hotéis para indicar, vale até fazer um curso rápido para saber orientar da melhor maneira os visitantes.

Frentista há dois anos e morador de Caxias há sete, o paranaense Julio foi um dos 50 participantes da oficina oferecida pela Diretoria de Hospitalidade da Festuva na última semana, voltada tanto para os colaboradores contratados para atuar no período da Festa quanto para interessados em ajudar indiretamente _ caso de taxistas, comerciários, recepcionistas, brigadianos, todos que de alguma forma se relacionam com o turista. 

- A gente tem que estar bem informado. Todo dia chega um pedido de informação, alguém perdido querendo saber o caminho mais fácil pra chegar ao hotel ou bairro tal. O posto é o primeiro lugar onde eles pensam em pedir ajuda e isso nos faz sentir um instrumento importante para o turista_ comenta Julio.

Bem antes da famosa campanha publicitária, a profissão de Julio sempre carregou cerca necessidade de saber mais do que abastecer um veículo, mas ser também uma espécie de guia turístico. Acontece que, após a propaganda em que um comerciante de beira de estrada responde a tudo pedindo que o interlocutor  pergunte o posto de gasolina, a responsabilidade aumentou. Mas nem por isso o frentista banca o sabe tudo.

- Se não sei eu digo que não sei mesmo, não vou passar a informação errada. Esses tempos vi um vídeo na internet de um cara que dirigiu oito horas no caminho errado por causa de uma informação errada que um frentista passou. Ele foi gravando o vídeo e xingando o cara o tempo todo. Não quero ter que passar por isso _ brinca Julio.

Para Diego Carraro, gerente do posto de combustível às margens da BR-116 em que Julio e outros três frentistas foram escalados para a capacitação da prefeitura, o fato de viajantes terem nos funcionários do posto uma espécie de GPS humano ajuda a aumentar a clientela. Por isso, não se pode pensar em ter uma equipe despreparada. 

- Por estarmos na beira da BR, somos muito procurados para dar informações. E a gente conseguir dar conta disso também ajuda a atrair clientes. Quanto mais movimento houver na cidade, melhor para todos. Ainda mais em tempo de crise. 

"Receber como se fosse na minha casa"

Recepcionar os turistas na Festa da Uva é quase uma terapia para Fernanda Willers, 35, que há oito meses trabalha como corretora de imóveis. Esta será a terceira edição em que a caxiense irá trabalhar no atendimento aos visitantes, pela primeira vez em um dos três postos posicionados fora dos Pavilhões _ além da Praça Dante, onde estará Fernanda, os outros são a rodoviária e o aeroporto.  Ela é uma das 140 pessoas contratadas especificamente para facilitar o passeio dos visitantes por Caxias. 

- A preparação desta vez foi muito organizada. Tivemos palestra com um turismólogo que abordou uma questão muito importante, que é a do nosso papel de fazer o turista se encantar pela cidade. E para conseguir receber bem, só gostando de verdade do que estamos fazendo. É como se estivéssemos abrindo as portas da nossa casa - comenta, empolgada.

No período da Festuva, Fernanda irá conciliar o emprego em uma imobiliária no centro da cidade pela amanhã e a atividade junto à Diretoria de Hospitalidade, das 14h às 22h. Os 148 colaboradores recebem remuneração que varia de acordo com o período combinado, entre R$ 352,80 e R$ 806,40. Valor que pode não ser muito, mas que gente apaixonada pelo contato com o próximo talvez fizesse até de graça. Para a corretora de imóveis, o principal pré-requisito para ocupar a função é ter um lado zen muito bem desenvolvido. 

- A gente tem que ter muita paciência, porque pegamos desde grupo de crianças a idosos de cadeiras de rodas, ou turistas que chegam cansados de uma viagem longa. Tem que saber lidar com tudo isso e estar disponível. Não é só decorar um conjunto de informações.