De segunda a sexta, das 17h30min até 19h, uma fila de moradores no bairro Esplanada se forma dentro do refeitório da Escola Municipal de Ensino Fundamental Basilio Tcacenco. Quarenta e nove pessoas chegam munidas de uma vianda vazia, que sairá de lá recheada de arroz, feijão, massa, polenta, salada. Além desses itens, nas terças recebem uma sacola com frutas, suco, cuca. Eles recebem comida de qualidade, com supervisão de nutricionista e elaboradas por três cozinheiras com experiência, e não pagam nada por isso.
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Essas pessoas, que estão sem emprego ou enfrentando problemas financeiros, são alguns dos milhares de beneficiados em Caxias do Sul pelo trabalho do Banco de Alimentos, que celebra uma década de existência neste mês. Portanto, quando você estende a mão ao Banco, ajuda a tirar da fome pessoas como Simone Cardoso de Camargo, 41 anos, que sustenta seus três filhos com pouco mais de um salário mínimo da pensão do marido já falecido.
- Se não fosse essa vianda, não saberia como me virar. Minhas crianças até brigam quando tem massa e arroz, de tanto que gostam - conta.
O Banco de Alimentos comprova que a soma da iniciativa pública com a rede de voluntariado construída na cidade é capaz de alterar a realidade da sociedade caxiense. Isto porque não basta a iniciativa da prefeitura, por meio da secretaria de Segurança Pública e Proteção Social. É preciso que voluntários, que oferecem tempo e dinheiro, entrem em ação e garantam a oferta de alimentos básicos para caxienses em situação de vulnerabilidade social.
Os 10 anos comemorados neste mês fortalecem um importante instrumento na luta contra o desperdício de alimentos e, por consequência, no combate à fome. Na prática, frutas com pequenos defeitos que dificilmente seriam aceitas no mercado, ou com valor bastante reduzido, como marcas de chuva de granizo, são cedidas por agricultores ao banco de alimentos. Supermercados que identificam que há produtos próximos da data de vencimento e produtos doados pela comunidade por diferentes meios passam por uma triagem e são distribuídos às entidades previamente cadastradas, além dos restaurantes comunitários e projetos como o da escola do bairro Esplanada.
- Somos um programa estruturante, não emergencial. Por isso, por exemplo, não fornecemos cesta básica, e sim os itens para a alimentação completa - explica a diretora de Inclusão Social da Segurança Alimentar e Inclusão Social, Janete Tavares.
O voluntário costura uma rede dentro do Banco de Alimentos. Há participação em diversas pontas: quem fornece o alimento gratuitamente tem papel fundamental. É o caso do agricultor Daniel José Zanette, 53 anos, que cede semanalmente uma parcela significativa da produção que mantém de maçã, pêra, caqui, ameixa e pêssego na localidade de Santo Homo Bom, na Rota do Sol. Maçã é a variedade que ele mais destina para o programa. Há 10 anos, sabe que as segundas de manhã não são apenas o ponto de começo da semana. Servem também para receber a visita da equipe da Secretaria de Segurança Pública e Proteção Social, que recolhe os 300 quilos semanais de fruta. Dali, os alimentos seguem até o banco e chegam à comunidade.
- Tem pessoas que não têm acesso a uma fruta, ou sequer têm o hábito de comer alguma variedade. Além de matarmos a fome da pessoa, criamos a cultura de comer bem. É um futuro consumidor, alguém que pode ir no mercado e comprar mais adiante - explica o agricultor.
Assistência Social
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