Comecemos esta croniqueta enfileirando paralelos demonstrativos. Hein? Como é? A senhora acha que hoje estou pegando pesado na complicação já desde a saída? Desculpe, vou tentar tirar o pé e aliviar um pouco. Mas não prometo muito, a senhora sabe como é: um cronista do tipo mundano, quando acorda meio que com a pá virada, é difícil de desentortar. Porém, vamos ao trabalho.
O enfileiramento demonstrativo, então, já abrindo o segundo parágrafo. O que faz um livro são as ideias contidas nele; o que faz uma música é a melodia e o arranjo; o que faz uma sobremesa são os ingredientes escolhidos e a quantidade adequada de cada um deles inserida na mistura; o que faz um passeio são os pontos visitados; o que faz uma floresta são as árvores que a adensam; o que faz um formigueiro é o aglomerado de formigas; o que faz o céu são as estrelas; o que faz a noite é a escuridão; o que faz o dia é o sol que nasce, apesar das nuvens; o que faz a poesia é a sensibilidade; o que faz a guerra é o desamor; o que faz a paz é alma.
Cada coisa, como a senhora pode ver, cada coisa, a essência de cada coisa, depende de seus pontos constitutivos primordiais. Falando difícil assim fica complicado de entender, mas lendo os exemplos enfileirados, dá para sacar o que eu estou querendo dizer, pois não? Agora, vamos ao arremate da crônica, para que a entrelinha venha à tona e ela possa ser comentada pelos leitores: o que faz a história humana são as pessoas. Ahá!
E são as pessoas, minha senhora, sempre as pessoas, que fazem toda a diferença em tudo. Não interessa, por exemplo, se o restaurante tem regras e procedimentos. A boa cozinha e o bom atendimento do restaurante vão depender única e exclusivamente das pessoas que trabalham nele. O que faz o clube são seus sócios. O que faz o time são os jogadores de hoje que nele atuam. O que faz a empresa são seus funcionários. O que faz a feira são os feirantes. O que faz a festa são os festeiros. O que faz a entidade são seus integrantes. O que faz o bairro é a vizinhança. O que faz um país é o seu povo. A cidade, seus cidadãos. A rua, os moradores. Tudo sempre depende de gente. A diferença está nas gentes que compõem cada situação em cada momento. E o que a gente aprende com a vida é que há gentes e gentes. E gentes e gentes e gentes, nesse mundo de gente.
Opinião
Marcos Kirst: são as pessoas, sempre as pessoas, que fazem toda a diferença em tudo
A diferença está nas gentes que compõem cada situação em cada momento
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