Os governantes têm empregado uma mesma expressão para tentar acalmar o cidadão empurrado até a franja do precipício sem dar-lhe possibilidade de recuar.
- O remédio é amargo, mas necessário - declamam em jogral.
O governador Sartori e seus braços direitos, a presidente Dilma e seus poucos apoiadores, todos que estão do lado de lá do guichê tentam justificar a dureza das medidas com analogias médicas.
Os governantes, vê-se, fizeram porcamente a lição de casa. Ao ignorar métodos preventivos, deixaram o paciente atingir a situação de moribundo para só então socorrê-lo.
O que algumas dezenas de milhares de gaúchos estão fazendo, e isso é inédito, é fechar a boca para que o remédio não seja empurrado à força goela abaixo.
As greves dos servidores significam cerrar os lábios para não engolir o amargo.
Antes que a patrulha pegue em armas (alô, Nina!), calha dizer que se Tarso Genro estivesse reeleito também ministraria remédios intragáveis e justificaria o tratamento com o injustificável.
Aqui no RS, o governo petista recém-encerrado abriu o cofre e promoveu uma gastança que, vê-se hoje, em médio prazo piorou o quadro clínico do paciente.
No âmbito federal foi parecido (ou melhor, foi pior): Lula e Dilma assentaram os programas de governo em bases que hoje desmoronam uma atrás da outra.
Vocês viram?
Referindo-se à praga deixada de herança por Tarso e outros ex-governadores a Sartori (e ao povo gaúcho), o governador do Maranhão declarou que governará para evitar que o Estado vire um novo Rio GRande do Sul.
Hã!?
Nós que sempre nos arvorávamos superiores agora precisamos ouvir essa...
Somos por natureza seres hábeis em enxergar vantagens até quando ingerimos veneno. Por isso já dá até para vislumbrar algum mérito no remédio ministrado por Sartori. Embora ele não tenha nenhuma alternativa, lá adiante saudaremos que o governador acertou ao colocar o bode na sala.
Antes de conseguirmos extrair alguma lição dessa internação compulsória na UTI, seguimos sendo tratados a conta-gotas com aumentos de impostos (aqui no RS e lá no Brasil), inflação, desemprego, insegurança, educação chã, saúde idem.
Você conhece o Maranhão?
Opinião
Gilberto Blume: você conhece o Maranhão? Por aqui seguimos o amargo tratamento a conta-gotas
Somos por natureza seres hábeis em enxergar vantagens até quando ingerimos veneno
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