Não adianta argumentar, tentar contextualizar o momento, minimizar o impacto, explicar: a imagem dos governadores Sartori e Alckmin dançando às risadas na Expointer é a tradução fiel do sentimento que domina a população. Qual seja, os políticos não estão aí para a crise política e financeira que empurra todos para baixo.
Todos?
Todos mesmo?
E-vi-den-te-men-te!, diria o governador.
Sei, os dois casais rodopiando no fim de semana em que os servidores gaúchos receberam R$ 600 de salário é piada pronta. Não vamos, pois, desperdiçá-la. Nosso governador que se quer piadista por certo não desperdiçaria a piada.
Essa piada, porém, foi de um mau gosto inenarrável. Não é a primeira piada sem graça encenada por Sartori para uma claque sempre pronta para rir, mas desta vez soou como deboche,
É curioso tentar entender como os assessores de Sartori permitiram que o governador se expusesse a tal papel.
Permitam o linguajar: que papelão!
Nós conhecemos Sartorão e sua queda crônica por brincadeiras. O gringo é indomável, intempestivo - inclusive no bom sentido -, mas vá tentar explicar esse temperamento aos gaúchos que conhecem Sartori há menos de um ano...
Por maior que seja tenha sido a descontração naqueles segundos na Expointer, é preciso compreender o momento e concluir que dançar não pode.
O palquinho está mais para velório do que para festa.
Ninguém ouse alegar que nos momentos difíceis é preferível descontrair a endurecer.
Nesse caso não cola.
Homens públicos e com a atual responsabilidade que carregam sobre os ombros precisam não só respeitar o cidadão. Precisam, antes, demonstrar respeito.
No discurso de ontem em que tentou acalmar os gaúchos, Sartori pediu desculpas pelas medidas que adotou, especialmente pelo parcelamento dos salários do funcionalismo.
Perdão, governador, mas quem o senhor acha que vai desculpá-lo se o senhor mesmo cai em tentação e dança em público na véspera de uma greve?
Alô, patrulha: ninguém está responsabilizando o atual governador por ter cavado o buraco em que estamos metidos, mas a cena da Expointer inviabiliza a credibilidade que Sartori tanto clama para si para nos trazer de volta à tona.
Opinião
Gilberto Blume: dançar não pode. O palquinho está mais para velório do que para festa
Ninguém ouse alegar que nos momentos difíceis é preferível descontrair a endurecer. Nesse caso não cola
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