Gilberto Blume: a saída de Catusso significa o fim das blitze e, consequentemente, a alforria para os bêbados?

Os 17 leitores da coluna sabem que sou suspeitíssimo para falar, e mesmo que pareça puxa-saquismo, vou dizer: Sou fã de Jorge Catusso. Mais, sou fãzaço do Catusso.
 
Digo por quê: Catusso é o cara que teve coragem de levar a sério a tolerância zero e a capacidade de reunir as principais forças de segurança de Caxias em torno de um só objetivo, reduzir as mortes no trânsito urbano. Mesmo contrariando interesses, ele criou a força-tarefa.
 
A história é antiga, todos a conhecem, mas vamos lá. Catusso implantou as blitze em novembro de 2011, depois que três rapazes se mataram de carro em São Pelegrino. Na ocasião houve manifestações, orações no trevo do Padre Giordani, visitação em massa ao ponto da tragédia, pintura de borboleta no asfalto.
 
Foi naquele dia que nos conhecemos, eu e o Catusso. E foi a partir daí que muita gente mais passou a conhecê-lo.
 
Como todos que circulavam pela cena, Catusso estava desolado. Sem jogo de cena, ele estava desolado de verdade. Foi quando ele decidiu fazer sua parte para reduzir as estúpidas mortes nas madrugadas da cidade. A força-tarefa contra o álcool insatisfez (e insatisfaz) um bocado de gente miúda e graúda. No ano passado havia até o risco de as blitze serem extintas. Donos de restaurante chegaram a fazer pressão pelo fim das blitze. Felizmente as blitze resistiram ao punhado de incomodados.
 
Desde ontem Catusso não é mais diretor-executivo de Trânsito da prefeitura. Ele aceitou o convite para assessorar Edson Néspolo no comando da Festa da Uva S.A.
 
- Me sinto premiado, sempre fui um apaixonado pela Festa da Uva. Fiquei lisonjeado pelo convite do prefeito Alceu e por Néspolo ter me acolhido - declarou Catusso.
 
O advogado Catusso é CC há 25 anos. Além de Alceu, trabalhou com os ex-prefeitos Victório Trez, Mário Vanin e Sartori. Também trabalhou com o ex-governador Rigotto e para a Câmara de Vereadores. Sua recém-encerrada passagem pela Secretaria de Trânsito durou 11 anos. É inegável que a Festa da Uva ganha um bom profissional, especialmente no quesito valores e ética, artigos em falta no mercado. A pergunta que sobra é: a saída do combativo Catusso significa o fim das blitze e, consequentemente, a alforria para os bêbados voltarem a dominar as noites?
 
Oremos que não.