Gilberto Blume: ver PMs a pé proporciona mais segurança do que ver viaturas e motos da Brigada Militar

Ontem testemunhei cena inédita nos mais de 15 anos em que frequento a Rua Jacob Luchesi: dois PMs andavam pela rua, devagarinho, como se espera que dois PMs caminhem no turno de trabalho. Tudo o que o cidadão acuado pela criminalidade deseja ver é dois PMs passando em frente à casa, ao estabelecimento, à empresa.
 
Dois PMs caminhando proporcionam maior sensação de segurança do que uma viatura ou uma moto da Brigada Militar. Viaturas e motos fazem vigilâcia relâmpago, são instrumentos passageiros que muitos cidadãos (e muitos bandidos) sequer veem circulando.
 
PMs a pé, não.
 
PMs a pé são vistosos, permanecem na área horas a fio, a população (e os bandidos) sabem que há vigilância.
 
E isso é bom.
 
A crise financeira do Rio Grande fez emergir o caos em que a Brigada Militar está atolada. Um dos aspectos do caos são as viaturas sem documentação ou avariadas. A retirada dessas viaturas das ruas levou a BM a enviar às ruas PMs à pé.
 
Tenho certeza de que a população prefere a constância de PMs a pé do que a passagem relâmpago de viaturas e motos. O governador Sartori prometeu em campanha que implantaria em todo o Rio Grande o policiamento comunitário, modalidade criada em Caxias pelo próprio Sartori que pretende aproximar o cidadão dos PMs residentes nos bairros.
 
Promessas de campanha, sabemos, são apenas promessas. Ademais, neste momento gaúcho algum cometeria a insanidade de cobrar o policiamento comunitário alardeado por Sartori. O governo que sequer consegue tapar buracos nas estradas e manter viaturas em condições de rodar não moverá uma palha para cumprir uma das únicas promessas declaradas na campanha. O Rio Grande, pois, seguirá sem policiamento comunitário. Caxias, porém, que já tem policiamento comunitário em 37 pontos, agora conta também com policiamento a pé forçado nos bairro.
 
Sem viaturas, os PMs se aproximaram da população.
 
Alô, patrulha (sem trocadilhos): ninguém torce pela permanência das viaturas em garagens e mecânicas, mas.
 
Mas essa crise pode ensinar que a BM, sem andar a pé, está um bocado distante do cidadão (e dos bandidos).
 
E isso é ruim.