Missão cumprida!
Fomos às ruas de novo.
Pouco mais de dois anos depois do histórico junho de 2013, saímos novamente em protesto.
A base dos protestos de 2013 e deste 2015 é praticamente a mesma: corrupção, parlamento fraco, falta de políticas eficazes, tudo enrolado num pacote disforme batizado de Fora, Dilma!
Em dois anos, porém, as coisas mudaram muito.
As coisas mudaram para muito pior.
As ruas, porém, requentaram o pacote Fora, Dilma!, nada mais.
Naquele 2013 retornamos para casa de mãos e alma lavadas, como se nosso papel mais importante fosse ir às ruas, quebrar vitrines, saquear o comércio, apanhar da polícia.
Ontem foi parecido, exceto que os bagunceiros ficaram em casa.
Entre 2013 e 2015 aconteceu um 2014, ano com eleições que nós conseguimos desperdiçar, como se tudo fosse lindo e estivesse no lugar.
Em 2014 as coisas não estavam lindas, estavam mais feias do que em 2013.
Como nós nos comportamos?
Passamos a borracha na insatisfação ainda quentinha e fomos às urnas como quem marcha para o sacrifício - de fato, chegamos lá.
É improvável que qualquer um dos candidatos de 2014 fizesse melhor ou pior do que a própria Dilma, pois a armadilha político-econômica já estava armada, era questão de tempo para o país ruísse.
Fosse quem fosse o vencedor, a crise nos alcançaria no contrapé.
O Congresso Nacional que tanto criticamos há dois anos também segue praticamente idêntico a 2013, provavelmente esteja até pior.
E o que fizemos em 2014 para tentar melhor o parlamento que tanto criticáramos um ano antes?
Ontem mais uma vez marchamos pedindo decência.
Alguns impacientes pediram o impensável, mas é do jogo.
Ao fim do dia enrolamos os cartazes e fomos para casa ver futebol, Faustão, como se o domingo tivesse sido renovador e nosso futuro estivesse finalmente assegurado.
Missão cumprida?
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