O movimento dos funcionários públicos contra as medidas do governador Sartori é tão legítimo quanto foi legítimo o protesto contra a Dilma e o Lula, domingo, e como será legítimo o ato a favor da presidente e do PT, amanhã.
Estamos na ruas dizendo que desaprovamos, que aprovamos, que. Que bom.
O fato de o brasileiro poder se manifestar, e estar se manifestando, lá na frente será visto como importante movimento rumo a uma democracia mais plena, com políticos menos interesseiros, com mais justiça social e, em consequência dessa justiça fortalecida, com menos brasileiros excluídos dos benefícios básicos que o poder público ainda está longe de proporcionar.
Demorará algumas muitas eleições até que consigamos filtrar, depurar essa bagunça brasileira chamada política. Não há outro caminho, porém. É a eleição ou a eleição.
E ninguém venha recordar dos militares e do paraíso que eles dizem ter proporcionado. Aquilo era falso, maquiado, conversa pra boi dormir.
É bem provável que por causa dos milicos, ainda hoje, décadas depois do regime militar, engatinhamos na política comprometida com a democracia. Ao contrário, aceitamos interesses pessoais e de quadrilhas organizadas em saquear o povo.
Retroceder e abrir os quartéis, pois, definitivamente não - militar no poder é ilegítimo. Não pretendo abordar o óbvio e dizer que os funcionários que decretaram greve no RS vão prejudicar a população.
Seria possível paralisar os trabalhos sem prejudicar a população?
Mergulhamos até um ponto do poço em que é preferível se manifestar, e eventualmente parar, do que permanecer de braços cruzados engolindo medidas raramente palatáveis. Às vezes, até na vida privada, é preciso romper com as coisas postas a fim de forçar um pouco a barra e virar uma página que nos foi entregue escrita esperando que a assinemos.
Mais um ponto a favor dos manifestos em cartaz: tudo está acontecendo na paz, não dando chance para que alguém enxergue alguma ilegitimidade nos protestos.
Opinião
Gilberto Blume: mergulhamos até um ponto do poço em que é preferível se manifestar a cruzar os braços
Estamos na ruas dizendo que desaprovamos, que aprovamos
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