O caso Mailson e Jô está desandando para o pior desfecho até agora imaginado: o ataque teria sido perpetrado por torcedores do Caxias. Estamos tão acostumados à violência que a outra hipótese, tentativa de homicídio ou tentativa de latrocínio, calhava como banal. Todos os dias alguém é morto, assaltado, ameaçado sem que o universo conspire para interferir no rumo das coisas. Não sei como chegamos nesse ponto terminal, mas o fato é que o crime virou banalidade (ou banalizamos a barbárie, caso prefiram).
Choca mais saber que os atacantes do Ju foram atacados por torcedores grenás do que por bandidos comuns, se é que dá para definir um bandido como um ser comum. Diante do fortalecimento da hipótese de vingança, é questionável seguir definindo alguns torcedores como seres comuns. É comum tirar de dentro do estádio rixas havidas no calor do jogo e dar-lhes sequência dias depois, à noite, soturna e premeditadamente? Isso é coisa de bandido, e bandido não é um ser comum, embora tenhamos banalizado o banditismo.
Caso se confirme a tese dos torcedores-bandidos, é hora de o universo se manifestar e conspirar para alterar o rumo das coisas.
Futebol é emoção pura, dizem. É verdade. Torcer por um time e secar o adversário são ações meramente emocionais, deveriam ficar restritas à arquibancada do estádio ou ao sofá da sala. Qualquer tentativa de racionalizar a passionalidade futebolística corre grande risco de beliscar o mundo marginal, aqui no sentido mais negativo possível do termo.
Não bastasse, as evidências mostram que os torcedores-bandidos empregaram um estilingue no ataque. Nenhuma outra arma ilustraria tão bem a bestialidade que escorre do caldo vertido da emoção cega, da paixão burra. É primitivismo em demasia a essa altura do campeonato.
Alô, universo! Não nos deixe pisar tanto em falso nessa caminhada rumo à evolução.
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Flores da Cunha, igual São Marcos, finaliza o programa de aplicação do BTI para combater borrachudos. Flores aplicou o larvicida em abril e voltará a aplicá-lo em setembro. Antes de voltar a campo, Flores espera as cidades vizinhas definirem seus próprios calendários para que a ação tenha alcance regional.
Caxias, cadê você?
Opinião
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