No dia em que Caxias do Sul e diversas cidades do Estado protestam contra o parcelamento dos salários dos servidores, o secretário estadual da Fazenda, Giovani Feltes, esteve em Caxias do Sul para expor a crítica situação financeira do Rio Grande do Sul. O endividamento do Estado, que levou o governador José Ivo Sartori (PMDB) a decidir pagar o funcionalismo em três parcelas, não é novidade. Feltes veio à Serra a convite da Câmara de Indústria Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC) de Caxias. A agenda estava acertada antes de sexta-feira.
Em coletiva de imprensa após a reunião-almoço, Feltes disse que respeita as manifestações desta segunda-feira e que o Estado busca mecanismos para amenizar a situação.
- Não nos deixa numa situação de conforto, nos desestabiliza um pouco, não resta a menor dúvida. Nós gostaríamos de ter um outro cenário em todas as segundas-feiras. É uma segunda-feira diferente, até porque sucede uma sexta-feira em que o Estado comprovou e anunciou que não teria condições de pagar o salário na sua totalidade no dia acordado. É óbvio que respeitamos todas as manifestações dos servidores públicos do Estado, confiamos nas lideranças, na razoabilidade e no bom senso, no respeito à lei, no papel que eles têm que cumprir em relação à sociedade, e o Estado com eles. Certamente o Estado vai conversar com eles múltiplas vezes para encontrar mecanismos que possam ser mais favoráveis e mais perenes - garantiu.
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O secretário admite que o aumento do ICMS, já cogitado pelo governo estadual anteriormente, pode ajudar a aliviar o caixa do Rio Grande, mas que não vai resolver o problema.
- Se considerássemos todo o volume de ICMS a ser majorado, teríamos uma receita de quase R$ 2 bilhões para o Rio Grande do Sul. O Estado passa por emergência. E mesmo que fosse uma alternativa, com R$ 2 bilhões teríamos um terço do furo, do nosso déficit para 2016 - apontou.
A situação crítica enfrentada pelo Rio Grande do Sul também inclui o atraso no pagamento da dívida com a União. Sobre esse quesito, Feltes comentou que, até agora, não houve sequestro de valores tampouco bloqueio de repasse de verbas, embora o contrato com a União permita medidas como essas.
Feltes evitou falar diretamente sobre o parcelamento dos salários em quase duas horas entre explanação e respostas a questionamentos de políticos e empresários. O secretário seguiu a mesma linha de Sartori, voltando a dizer que, em 37 de 44 anos, o Rio Grande do Sul gastou mais do que arrecadou e lembrou que o déficit atual é de de R$ 5,4 bilhões.
- É uma realidade desconcertante, mas pela primeira vez se abre as entranhas do Estado - disse, referindo-se ao raio-x mostrado - alguns até riem, eu faço isso de forma desconcertada, para não chorar. Porque o Estado onde eu me elegi vereador não é este.
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