Gilberto Blume: seguimos todos tapando buracos na educação, e já começamos a pagar a conta dessa displiscência

Há situações difíceis de entender.

Eis uma situação difícil de entender:

Uma professora relata que prestou concurso público para o magistério municipal em Farroupilha e em Flores da Cunha.

Ela passou em ambos os concursos para lecionar Artes nas séries finais do ensino fundamental.

Ao assumir em Farroupilha, a concursada foi designada para lecionar artes nas séries iniciais.

Em Flores, foi encaminhada para dar aulas de Religião.

A professora não aceitou se submeter ao desvio de função e pediu exoneração nas redes municipais das duas cidades.

- Qual a qualidade de ensino que se espera alcançar se os professores ficam tapando buracos? - questiona a professora.

A pergunta é fundamental, básica, mas de antemão sabemos que a resposta, se virá, será o discurso absolutamente descolado da prática.

Ou seja, a educação sempre é prioridade no palanque, mas raramente essa importância se materializa, vira realidade.

Por que uma professora recusa lecionar para uma turma que não visava ou uma disciplina que não domina?

Motivos não faltam para a recusa.

Se uma professora prestou concurso para lecionar Artes nas séries finais ela não pode ser conduzida a lecionar Artes nas séries iniciais.

Tampouco essa professora deve receber a disciplina de Religião se passou no concurso para lecionar Artes.

Parece básico, mas.

- Eu sequer tenho didática para atender essas turmas - conta.

Não menos importante é questionar a qualidade da educação recebida pelos estudantes atendidos por professores despreparados para lecionar a disciplina para a qual se especializaram.

De uma vez por todas, a educação precisa ser tratada com seriedade em todos os aspectos que a envolvem.

De nossa parte, precisamos exigir qualidade, participar da educação, ir nas escolas das crianças, participar.

Seguimos todos tapando buracos na educação, e já estamos pagando o preço por cometer essa displicência.