Gilberto Blume: pedágios são antinaturais, precisamos extingui-los, jamais defendê-los como fossem um mal necessário

Sou contra pedágios.

Sempre fui contra pedágios.

Pedágios, para mim, são a comprovação de que os governos não funcionam, de que gerenciam mal a dinheirama que pagamos de impostos, de que são incompetentes para fiscalizar, cobrar e multar os sonegadores, de que.

Alguém defenderá os pedágios alegando que estamos no fundo do poço, que as estradas estão péssimas, que no médio prazo os governos não terão capacidade de investimento, que.

Pode ser, mas tal alegação é de um conformismo tacanho.

Outra alegação recorrente: há pedágios em todo o Brasil; há pedágios em todo o mundo. Por que, então, não teríamos pedágios no Rio Grande do Sul?

O conformismo, nesse caso, se agiganta, vara as fronteiras.

Porque o pedágio foi alçado a uma instituição de alcance universal não significa que precisemos concordar com ele.

O leitor Nery viu a capa do Pioneiro de ontem e escreveu o seguinte e-mail:

Fico lendo e lendo que taparam os buracos e lá estão eles de novo. Mas é tão óbvio que voltarão, pois simplesmente colocam uma camada de asfalto em cima de toda sujeira solta que tem nos buracos e criam um tampão solto que os carros esfarelam.
Será que não temos um engenheiro para orientar, ou alguém de visão e bom senso para ver algo tão simples?

Pois é, Nery, pelo visto não temos ninguém para dar jeito sequer nos buracos. Esse vazio no comando que nos aproxima do caos é um dos aspectos que nos levam a considerar pedágios a coisa mais natural do mundo.

Pedágios são antinaturais, precisamos batalhar para extingui-los, não para aceitá-los como mal necessário.

Tenho claro, contudo, que os contrários aos pedágios serão cercados por cancelas de cobrança. Teremos pedágios na BR-116, na RS-122, na BR-470 e, certamente, na Rota do Sol. Ou alguém aí crê de fato que a gestão destes e dos próximos governos melhorará a ponto de sobrar dinheiro para investir em estradas, essas minas de ouro que os governos têm na manga quando a água bate no queixo? Enquanto não for convencido de que os governos fizeram tudo o que podiam para nos proporcionar boas estradas, jamais defenderei pedágios.