A reportagem da colega Ana Demoliner publicada no fim de semana constata, mais uma vez, que Caxias do Sul praticamente anda de gatinhas quando o assunto é turismo. O assunto pode ser analisado sob diversos aspectos, mas invariavelmente a conclusão é uma só: Caxias ainda é só um corredor ligando Gramado e Canela a Bento.
Moro na cidade há 17 anos, tempo medianamente curto para consolidar uma revolução no turismo, mas suficientemente longo para constatar que pouco mudou. A cultura do turismo, principal aspecto que deveria ter mudado, não mudou. O setor privado não parece ser suficientemente unido e forte e os sucessivos governos municipais jamais apresentaram políticas públicas coerentes e contínuas que ajudassem a desenvolver o setor.
Essa falta de conversa entre o público e o privado joga contra qualquer pretensão turística. Precisamos admitir, Caxias não sabe se quer ou não quer ser uma cidade turística. Os setores hoteleiro e de alimentação parecem viver satisfatoriamente com o turismo de negócios, e se esses dois ramos não puxam a frente, é insuficiente oferecer os tesouros paisagísticos que Caxias proporciona como poucas outras cidades gaúchas.
Não é feio admitir que não temos vocação para o turismo. Essa admissão, porém, precisa ser clara, para que aqueles que querem prosseguir na batalha saibam onde estão pisando e com quem estão andando.
Nova Petrópolis.
Há 17 anos Nova Petrópolis era um corredor entre Gramado e Canela e Bento, igualzinho Caxias ainda é hoje. Nesse tempo, Nova Petrópolis se reinventou e hoje retém muitos visitantes que circulam pela região. A cidadezinha assumiu sua vocação turística e começa a colher o que semeou. Tem muito turista que prefere lançar âncoras em Nova Petrópolis e apenas passear em Gramado, Canela e Bento e, eventualmente, em Caxias. Caxias não proporciona esse bem-estar, essa vontade de ficar que Nova Petrópolis oferece.
Nova Petrópolis ainda tem vários aspectos que beiram o amadorismo, mas qual cidade turística é prefeita?
Entre o errar e o acertar, sempre será preferível arriscar.
A alternativa é se render às evidências e não sonhar com o improvável.