
Há seis décadas, a cidade começava a chegar ao bairro Cruzeiro, em Caxias do Sul. As primeiras casas - menos de 10 - disputavam espaço com os parreirais e as chácaras de famílias ricas. Estradas de chão levavam ao local. A rede elétrica já facilitava a vida, mas a água encanada demoraria para chegar.
Apostando no crescimento de Caxias, três homens investiram na área, então propriedade de um porto-alegrense. Na década de 1950, Vitor de Lazzer, Angelo Scolla e Mário Sartor compraram e lotearam as terras da região. Por conta deste investimento que, em 1955, Ibanes Antônio Avrela foi parar no Cruzeiro.
Com a possibilidade de bons negócios, seu pai Avelino Manoel Avrela saiu de Bom Jesus e veio morar em Caxias com a família. Quando criança, Iba viu o pai vender quase todos os terrenos do novo loteamento. Com a comissão que recebeu, lembra que ele comprou 15 propriedades, entre elas as que deram lugar à praça do bairro.
- Naquela época não tinha contrato. Era, como se diz, no fio do bigode. Era na palavra - lembra Avrela, conhecido no bairro como Tio Iba.
Aos seis anos, Iba viu a primeira missa ser celebrada no bairro: como não havia igreja, o padre organizou o que precisava na única escola da região. Naquele tempo os ônibus passavam apenas na Rua Luis Michelon, estrada de chão ladeada por dois arroios.
_ Tem coisas a fazer, mas comparando com outros bairros, do jeito que está indo a gente não pode se queixar. Caxias é grande.
Hoje o bairro tem tudo o que precisa. Essencialmente residencial, recebe obras importantes, como o escoamento de água na Rua Antônio Broilo e a abertura da Rodrigues Alves. O lugar é tão bom que Tio Iba não sai por nada, nem para realizar o sonho de morar na praia. Prefere ficar lá, onde cresceu vendo casas substituindo parreirais.