O sepultamento de Mirella Silva Rodrigues, 5 anos, assassinada pela própria mãe em Bagé será em Cacequi (RS), nesta quarta-feira. O crime aconteceu na madrugada de terça-feira. Michele da Silva Rodrigues, 22, mãe da criança, teve a prisão preventiva decretada pela Justiça.
Antes de se mudar com a mãe para Bagé, Mirella morou em Caxias do Sul e teve acompanhamento do Conselho Tutelar. No fim do ano, a mãe comunicou o conselho que ela e a menina se mudariam da cidade. O conselho tutelar teria solicitado o novo endereço da família para dar continuidade ao atendimento, mas não obteve retorno.
Há cerca de duas semanas, a avó da menina procurou o conselho de Caxias para informar que mãe e filha estariam retornando, o que não chegou aconteceu.
Seis dias antes da menina Mirella ser morta, o Conselho Tutelar de Bagé tentou apurar denúncia de maus-tratos à menina que seriam praticados pela mãe, mas não encontrou indícios que comprovassem a suspeita.
Conforme depoimento de Michele à polícia, na madrugada de terça-feira, ela asfixiou Mirella na casa onde moravam, na Agrovila - um loteamento de residências criado para abrigar agricultores familiares, localizado junto ao Parque do Gaúcho, em Bagé. A mãe da menina confessou ter usado um saco plástico e uma bermuda para asfixiar a filha, e alegou ter cometido o assassinato porque a menina "atrapalhava" seu relacionamento com o padrasto da vítima.
Com o companheiro, Michele tem um bebê que também morava na casa e, após o assassinato, foi entregue à avó paterna. No dia 28 de janeiro, um conselheiro foi à residência da família, mas não encontrou elementos para confirmar as denúncias contra Michele. A mãe havia saído e a menina estava na casa de uma vizinha, onde costumava passar a maior parte do tempo.
- Falei com a vizinha e ela disse que não sabia de maus-tratos por parte da mãe. A própria Mirella também negou ser agredida, disse apenas que a mãe não era muito carinhosa e dava mais atenção ao bebê - relata o conselheiro tutelar Everaldo Cruz.
Na sexta-feira, Michele foi até o Conselho Tutelar buscar atendimento. Ela informou que a família veio de Caxias do Sul para Bagé há cerca de seis meses e que, no município da Serra, tanto ela quanto Mirella faziam uso de medicamentos psiquiátricos, abandonados após a mudança. Michele teria procurado o Conselho para retomar o acompanhamento médico da menina.
- Foi uma surpresa muito grande para todos nós, porque não havia sinais de maus-tratos e a própria mãe se mostrou interessada em buscar atendimento - afirma Everaldo.
Segundo o conselheiro, no dia em que visitou a criança, ela não apresentava marcas de agressão:
- Tinha apenas um sinalzinho próximo da vista, mas ela, a vizinha e a mãe, quando foram ao conselho confirmaram que a menina tinha batido o rosto na pia ao entrar correndo no banheiro para tomar banho, três dias depois - afirmou.
De acordo com Cruz, como a mãe não apresentou nenhum documento que comprovasse o diagnóstico de distúrbio mental, o conselho fez o encaminhamento para que Michele e a filha fossem atendidas no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS I) do município. A mãe deveria ter ido ao local na segunda-feira, mas não apareceu. Na terça-feira, Mirella foi morta.
Entenda o caso
- Conforme confissão de Michele Silva Rodrigues à polícia, na madrugada de terça-feira ela asfixiou a filha de cinco anos, Mirella Silva Rodrigues, e tentou ocultar o corpo.
- A morte da menina foi descoberta a partir de uma ocorrência de desaparecimento registrada pela própria mãe por volta das 5h de terça-feira, horas depois do crime.
- O corpo de Mirella foi encontrado em um matagal a cerca de 100 metros da residência da família. Interrogada, Michele confessou o assassinato e alegou ter cometido o crime porque a menina atrapalharia seu relacionamento com o companheiro.
- Na noite anterior ao crime, o companheiro teria ido dormir na casa da mãe dele. A saída do homem teria sido o estopim para que Michele decidisse assassinar a filha.
- Michele teve prisão preventiva decretada e está recolhida no Presídio Regional de Bagé. O bebê que ela tem com o padrasto de Mirella foi entregue aos cuidados da avó paterna.