O roubo de um veículo teve desdobramentos inesperados em Caxias do Sul. A polícia acredita que um revólver apreendido dentro do Instituto Penal de Caxias do Sul, no final da tarde de quinta-feira, teria relação com o assalto cometido na parte da manhã.
O flagrante reforça as denúncias de que presos do chamado albergue prisional escapam durante o dia ou noite para realizar crimes, e voltam para as celas para garantir um álibi. As fugas ocorrem por janelas nos fundos do prédio, e são estimuladas pela vigilância reduzida e inexistência de muros.
A farra ocorre por interpretação da lei. O entendimento é de que o semiaberto deve incentivar a ressocialização. Quanto menos obstáculos, melhor. Para muitos presos, porém, o instituto serve somente para confundir investigações da polícia. Se as fugas não são registradas pela Susepe, eles podem provar que estavam na cadeia. Sem um flagrante, é difícil enquadrá-los por crimes como homicídio, extorsões e assaltos. Não foi o caso de quinta-feira.
As autoridades desencadearam a operação de busca e apreensão dentro do albergue após o assalto registrado às 8h42min de quinta. Dois homens roubaram um Golf na Rua Ernesto Alves e fugiram. Uma equipe da Agência Regional de Inteligência da BM perseguiu e encontrou o carro roubado em uma rua sem saída na localidade de São Luiz da 6ª Légua.
Os criminosos trocaram tiros com a corporação. Um assaltante fugiu com a arma usada no crime, mas o outro foi preso. Ele foi identificado como Werner Luiz Ristow, 26 anos. Naquele horário, porém, Ristow deveria estar recolhido no albergue prisional.
Pouco depois do crime, a arma teria sido escondida no instituto pelo outro comparsa, o que motivou a revista da Brigada Militar e da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe).
Conforme o Comando Regional de Polícia Ostensiva (CRPO/Serra), o revólver pertence ao detento Márcio Roberto Schmidt, 30. Ele foi transferido do albergue para o regime fechado, e será submetido a um Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD). Os agentes também localizaram celulares, pequena quantidade de droga e facas artesanais.
Pouco antes da operação no albergue, PMs flagraram a companheira de Schmidt traficando cocaína em frente ao mesmo prédio. Maria Lúcio Pinto Moreira, 36 anos, carregava 40 buchas de cocaína, dois celulares e R$ 132 em dinheiro. Segundo o CRPO/Serra, ela não tinha passagens na polícia. Maria foi autuada por tráfico de drogas e levada para um presídio.
Atualmente, o albergue tem 178 homens recolhidos, sendo que 72 não podem sair da casa por não terem direito ao trabalho externo.
Farra
Apenado é indiciado por guardar revólver dentro do albergue prisional de Caxias do Sul
Apreensão reforça denúncias de que presos deixam o prédio pelos fundos para cometer crimes
Adriano Duarte
Enviar emailGZH faz parte do The Trust Project