Aconteceu na Flórida, nos Estados Unidos. Tudo pode acontecer nos Estados Unidos, ainda mais na Flórida. O protagonista do feito bizarro foi Bart, o gatinho. Como costumam fazer os gatos - todos os gatos, não somente os que vivem na Flórida -, Bart botou-se a passear pelas redondezas da casa em que vive, dividindo a atenção entre passarinhos que cantam, cachorros que latem, crianças que cruzam de bicicleta, chafarizes que respingam água, essas coisas. Até que (pausa para o novo parágrafo)...
Distraído como estava, Bart foi atropelado por um automóvel. Plaf! Espatifou-se o pobre Bart ali, no meio da rua, o rosto esfacelado, o corpinho sem vida. Momentos depois, Bart foi encontrado por seu dono, Ellis Hutson (sabemos até o nome do dono, o que confere maior credibilidade à narrativa), de 52 anos, que apavorou-se com o que via: Bart ali, atropelado, mortinho da silva, no meio de uma rua em Tampa Bay, na Flórida (logo na Flórida, onde acontece de tudo). E o que fez então Ellis Hutson, o dono de Bart, o gatinho que morreu atropelado? Pausa para um novo parágrafo...
Ora, Ellis Hutson, como todo o amoroso dono de bichinho de estimação, enterrou Bart nos fundos do quintal, lógico. Só que, passados cinco dias, quem é que de repente aparece na sala de jantar da casa de Ellis Hutson, o maxilar esfacelado, um olho vazado, as orelhas rasgadas, o pelo sujo de terra e até vermes comendo parte de sua bochecha? Ele: Bart, o gato-morto-vivo, o gato-zumbi, renascido dos mortos! Sim, Bart ressuscitou no quinto dia, cavou a terra e voltou à vida e aos braços de seu dono. Afinal, Bart é gato, mas vive na Flórida, onde tudo não só pode acontecer, como acontece mesmo.
O final da história é feliz: Bart está se recuperando em uma clínica veterinária, onde passou por cirurgias e estará logo pronto para gastar outras de suas vidas, já que, nos Estados Unidos, gatos têm nove vidas, e não apenas sete como aqui no ainda subdesenvolvido Brasil. Sem falar que, por aqui, quem morre, morre mesmo: gato, dono de gato, esperança, credibilidade em políticos... Ainda continuamos a estar bem longe da Flórida.
Opinião
Marcos Kirst: Nos Estados Unidos, gatos têm nove vidas, e não apenas sete como aqui
Sem falar que, por aqui, quem morre, morre mesmo: gato, dono de gato, esperança, credibilidade em políticos...
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