Uma nova polêmica foi semeada no Rio Grande - A Terra da Polêmica - e ameaça se agigantar nos próximos dias. Trata-se da festa que uma casa noturna e familiares dos mortos da Boate Kiss organizam para o dia 27 de janeiro, data que marca os dois anos da tragédia. A festa pretende homenagear as vítimas do incêndio em Santa Maria.<?xml:namespace prefix = "o" ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />

Pronto, o circo está armado.
A gauchada já conseguiu se dividir entre favoráveis e contrários à festa, como se o assunto fosse banal como um Gre-Nal. A internet, sempre, é o depositário das manifestações.
Naturalmente, há que se respeitar as opiniões, pois sentimentos e lutos se manifestam diferente para cada um de nós na busca do sossego espiritual.
Mas, cabe perguntar, qual é o problema de homenagear as vítimas do incêndio com uma festa organizada com esse fim?
A festa não pretende vilipendiar os mortos, os familiares do mortos, os amigos dos mortos. Pelo contrário, a festa se anuncia como mais uma forma de manter o assunto na roda, de curtir esse luto que não terminará enquanto houver resquícios de injustiça. A festa também se anuncia como ocasião para debater com os jovens a segurança das casas noturnas.
Já deu para notar que o colunista aqui é favorável à festa, embora ele respeite os contrários. Os contrários à festa, porém, também precisam respeitar os favoráveis, assim a roda da civilidade se movimenta para frente, sem os sobressaltos que a intolerância costuma produzir. O incêndio em Santa Maria comporta todo tipo de manifestação que busque evitar a repetição da tragédia. Palavras da psicóloga Clarice Dorotea de Lima Dutra dos Santos sobre o assunto:
- As pessoas não elaboram o sofrimento de uma só forma. Não somos iguais no sentimento. Ainda não há um memorial para que possam ser feitas homenagens, nem responsabilização judicial. Então, as pessoas organizam outras formas de chamar atenção, para que a tragédia não se repita. Não é momento de intolerância. Cabe às pessoas apoiarem e abraçarem umas às outras. Assim como outros grupos vão à praça, este grupo está tentando de um jeito diferente.
A tendência gaúcha de grenalizar qualquer coisa não se aplica às manifestações contra a tragédia gaúcha.