Todo mundo está criticando Marisa Formolo.

Alvo de piadas de todos os calões, a petista é sucesso absoluto, caso raro de unanimidade entre a gauchada grenalizada desde os tempos em que andava de cueiros. De fato, a petista não merece elogios pela farra das medalhas, e meus 17 leitores não devem esperar que seja eu a defendê-la.
Tô fora!
Mas.
Mas calha questionar:
Ninguém, ninguém mesmo teve a capacidade de enxergar o ato falho que a deputada estava prestes a cometer? É exagero, vai pegar mal, saia dessa, os Formolo serão expostos negativamente?
Resposta: ninguém.
Os petistas, os assessores dos petistas, os deputados, a Assembleia inteirinha, todos foram incapazes de avisar Marisa da bobagem que ela estava cometendo contra si mesma, mas especialmente contra o bom senso.
Dizer que foi tudo dentro da lei é argumento primitivo, tirado da manga sempre que o copo entorna.
Estamos carecas de saber que as leis nem sempre conversam com a vida real, especialmente aquelas leis que regram a conduta e a vida dos parlamentares, essa categoria de brasileiros visivelmente privilegiada com benesses de outro mundo.
Ao invés de se esconder atrás de lei absurdas, deputados, que tal propor leis honestas, bacanas, à altura do momento atual que experimentamos? Proibir farra de medalhas seria bom começo.
Há quem diga que Marisa não pode ser lembrada somente pela farra das medalhas, que a contribuição da deputada à sociedade é maior que esse episódio, que errar é humano, que.
Pode ser, mas também é necessário dizer que pouquíssimos outros feitos da deputada foram tão bem divulgados pela própria Assembleia ou provocaram reuniões do comando petista para tentar minimizar os danos.
Não fosse o bastante, combinemos: não há mais espaço para que homens e mulheres públicos cometam equívocos olímpicos e ainda justifiquem seus delírios invocando a lei.
Mesmo que isso incomode, deputada, a senhora será, sim, lembrada pela farra cometida no baixar das cortinas do seu mandato. Mesmo que devolva as medalhas, sua pegada do passo atrás está impressa indelével.
A próxima bobagem, por favor.