O IBGE revelou o resultado de uma pesquisa que pode ser interpretada como muito boa ou muito ruim dependendo do ponto de vista da interpretação. A Tábua Completa da Mortalidade revela que o brasileiro nascido em 2013 viverá, em média, 74,9 anos. É três meses e 25 dias mais do que a expectativa de vida dos nascidos em 2012. E mais de três anos acima da esperança de vida dos nascidos há 10 anos (71,3 anos).
A pesquisa é muito boa porque prova que estamos vivendo mais tempo. A parte ruim é que podemos concluir que a qualidade desta sobrevida é duvidosa. Exemplo prático: a expectativa de vida maior atinge em cheio, e de novo, a tabela do fator previdenciário.
Desde segunda-feira o brasileiro precisa trabalhar ainda mais para se aposentar. A alternativa para quem não deseja trabalhar mais é receber benefício de aposentado 2% menor.
De novo o fator previdenciário rouba tempo e dinheiro do brasileiro. Um exemplo: o trabalhador de 55 anos de idade e 35 anos de contribuição que requereu aposentadoria a partir de segunda-feira terá de contribuir por mais 79 dias corridos para manter o mesmo valor do benefício se tivesse feito o requerimento até sábado.
O Rio Grande recentemente elegeu um senador e dois deputados federais que na campanha balançavam a bandeira da aposentadoria justa. Os três, Paulo Paim, Pepe Vargas e Assis Melo, defendiam com todas as letras o fim do fator previdenciário, ferramenta inventada pelo governo para tapar o rombo do próprio caixa penalizando fortemente o trabalhador brasileiro.
Eleitos, Paim, Pepe e Assis ganharam holofotes criticando o fator previdenciário. Aos poucos os três foram silenciando, silenciando até se calarem. Na campanha deste ano nem Pepe nem Assis tocaram no assunto. Paim nem concorreu, segue senador, mas o assunto não lhe provoca mais os antigos arroubos de defensor do aposentado.
O IBGE diz que viveremos mais, mas ninguém garante que viveremos melhor, sequer que viveremos bem. Ou alguém em sã consciência aposta, a médio prazo, em aposentadorias e SUS justos? Para constar: aposentadorias e SUS miseráveis fazem sobrar bom dinheiro para pagar auxílio moradia de R$ 4 mil mensais a parlamentares e servidores do Judiciário.
Opinião
Gilberto Blume: De novo o malfadado fator previdenciário abocanha tempo e dinheiro do brasileiro
O IBGE diz que viveremos mais, mas ninguém garante que viveremos melhor
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