Gilberto Blume: Os movimentos iniciados ontem não são garantia alguma de que agora a passarela sai. Oremos

Está difícil reunir num só balaio todos os episódios que envolvem a passarela da BR-116 e, ainda por cima, dessa tentativa ingrata espremer uma conclusão, uma avaliação, um resultado.

Não sabemos se a obra da passarela é tocada com incompetência, má vontade, inabilidade, desqualificação, politicagem, falta de pulso, pouco caso.

É provável que a novela seja um pouco de tudo isso. É certo, contudo, que precisamos abandonar a fácil conclusão de que "há um sapo enterrado ali."

A passarela não sai do papel porque o processo está sendo mal conduzido.

Magia, encantamentos e outros azares não têm papel algum nesse triste episódio.

Ponto.  

Mico.

Mico talvez seja o termo que melhor resume e define a sequência de trapalhadas que marcam esses anos todos.

O transporte da estrutura pelas ruas da cidade, ontem, duas horas após o barulhento anunciado, foi mais uma mostra do misto de descrédito e de esperança do cidadão.

A passagem do cortejo foi ovacionada.

Palmas, assovios, gritinhos, buzinadas e olas saudaram o transporte das estruturas.

As manifestações eram contraditórias. Alguns adotaram ironia escancarada, descrença, como a decretar "agora vai!".

Outros aclamaram o novo capítulo da passarela com notória reverência e respeito.

Ambas as posições merecem crédito, são manifestações legítimas, embora umas sejam mais críticas e outras mais condescendentes.

Entre uns e outros havia os incrédulos, os fiéis seguidores de São Tomé: só acreditam vendo.

A não construção da passarela foi talvez o maior mico do ex-prefeito Sartori nos oito anos em que governou Caxias.

O prefeito Alceu roça o segundo ano de mandato abraçado à maldita herança deixada por Sartori.

O mico segue em cartaz, surpreendendo, e só sairá de cena quando a passarela se materializar sobre a passarela. Todavia, os movimentos iniciados ontem não são garantia alguma de que agora vai.

Aguardemos os próximos capítulos. E oremos.