Gilberto Blume: É vexatório que a reação da direção de uma escola a uma ação dos alunos tenha acabado na delegacia

Aviso aos 17 leitores da coluna: não pretendo fincar posição contra ou a favor da revista de mochilas adotada pela Escola Santa Catarina.

Tenho plena consciência de que essa neutralidade, ou falta de opinião, como queiram, desgosta os leitores.

Assumo o risco de parecer raso, porém.

Ademais, deixo a tarefa de julgar esse caso aos julgadores, que não são poucos, diga-se.

Ao invés de defender ou criticar a revista de mochilas, tentarei fazer emergir outros aspectos dessa controversa medida adotada pelo colégio.

O principal aspecto, no momento, atende por uma pergunta: por que o Santa está revistando a mochila dos alunos?

Por certo a revista, imposta especificamente aos alunos do ensino médio, não surgiu sem critério.

Se o critério adotado é válido ou inválido são outros quinhentos. Partamos do princípio de que houve critério, portanto.

A revista de mochilas é medida drástica, não há dúvida, mas algo levou o colégio a adotá-la.

Esse "algo" pinta ser tão drástico quanto.

Os comportamentos às vezes extremos chegaram às escolas e não dão sinais de arrefecimento. Resultado: o diálogo foi atropelado pela imposição de regras, normas, ordens, geralmente antipáticas.

No caso do Santa, os alunos promoveram uma ação e provocaram uma reação da direção.

Nem os alunos do Santa nem a direção do Santa são santos.

Faltou, se viu, diálogo.

Não há diálogo?

Então o diagnóstico só piora.

Os alunos podem até ter roçado o limite do bom senso ao trocar o uniforme por trajes de dormir, mas são adolescentes, em suas veias o sangue pulsa em outra batida, em suas cabeças vão outras ideias.

O sangue e a cabeça da direção da escola por certo são muito distintos, por isso a possibilidade do choque é sempre enorme.

Pouco importa quem tem razão no Santa.

Tomara o episódio sirva para mostrar que, em se tratando de educação, uma boa e sincera conversa sempre fará sentido.

É vexatório para todos que a reação da direção de uma escola a uma ação dos alunos tenha acabado numa delegacia.