Gilberto Blume: Vruuummm! Alguém desvire o mundo, por favor

O mundo está tão virado que uma simples gentileza, quem diria, pode resultar em tragédia. Já tinha acontecido comigo, deve ter acontecido com muitos de vocês, mas a repetição do episódio com um amigo foi a deixa que me empurrou a escrever na esperança, claro, de que estas linhas obtenham algum eco no cotidiano.

Faixas de pedestres.

O amigo contou que está revendo a prática de parar o carro para facilitar a travessia dos pedestres na faixa de segurança. Essa radical revisão de comportamento está em curso porque, dia desses, o amigo parou, como de hábito, uma mulher avançou para atravessar em segurança e, pela direita do carro dele, vruuuummm, um motorista acelerou.

Até agora o amigo não entendeu como a mulher que teve a travessia facilitada e estava a meio caminho entre uma margem e outra da rua não foi atropelada pelo insano que acelerou e ultrapassou pela direita, sobre a faixa de pedestre.

Episódios desse naipe não são raros, todos vemos, todos sabemos (e alguns cometemos, admitamos).

O que impressiona, contudo, é que a deseducação de alguns sem noção é tão poderosa que chega a interferir no bom comportamento que está sendo construído coletivamente.

Um sem noção, isolado, é capaz de provocar danos em escala industrial. Além de machucar alguém, interfere no andamento dos avanços que conquistamos a duras penas. Voltemos àquele amigo ainda chocado por quase ter provocado o atropelamento da mulher a que dera espaço para atravessar a rua. Esse amigo, daqui para frente, talvez não estenda mais o tapete no trânsito porque a solicitude pode ter uma preço impagável.

Alguém desvire o mundo, por favor.