Não consigo reproduzir em letrinhas aquele som emitido pela urna, aquele zunido quase apito que antecede a palavra FIM quando encerramos a votação. O som é impessoal, a palavra FIM é formada pelo gelado da comunicação eletrônica, mas, nossa!, quanto significado e conteúdo são emitidos naquele segundo de tempo.
Entre nós hoje não há mais vitoriosos e derrotados. Depois do FIM e do peculiar zunido, todos seremos governados pelo mesmo presidente, pelo mesmo governador.
O que esperar dos eleitos?
Além dos temas recorrentes (educação, saúde, segurança, etc), nesta campanha os eleitos foram confrontados com um assunto antes abordado apenas de passagem, como se não existisse, como se não fosse com eles. A corrupção dominou a campanha, muitas vezes reduzindo-a a acusações mútuas.
Embora de baixíssimo nível, a campanha mostrou que não há santos em lado algum. Para o cidadão a constatação não é novidade, mas verbalizada via satélite, choca.
Todos são ladrões, foi a mensagem decifrada pelo eleitor após o bombardeio de informações.
Os eleitos têm a obrigação, pois, de combater a corrupção que tanto apontaram na campanha. Não esperemos que os eleitos promovam a tão propalada reforma política. Nenhum dos finalistas disse, com todas as letras, que faria a reforma política. Espero morder a língua valendo, mas não será desta vez que reformaremos essa política velha, tacanha, interesseira.
Portanto o modus operandi dos partidos, das campanhas, das coligações, dos grupos empresariais seguirá inalterado. Equivale dizer que o toma-lá-dá-cá que abre e fecha portas seguirá prevalecendo. Daremos bom passo se os eleitos deixarem a corrupção ser investigada e exigirem a aplicação das leis existentes. Não temos alternativa, precisamos torcer para que os eleitos façam o que disseram que fariam contra a corrupção e os corruptos.
Tomara daqui quatro anos, quando ouvirmos de novo o zunido meio apito da urna e lermos FIM na tela, o Brasil tenha avançado em todos os setores, mas especialmente no combate à corrupção, a maior sacanagem pública que pode acontecer porque é dinheiro do povo que está sendo roubado.
Opinião
Gilberto Blume: Tomara que melhoremos em 4 anos, em especial no combate à corrupção
A corrupção dominou a campanha, muitas vezes reduzindo-a a acusações mútuas
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