Um amigo classificou o segundo turno presidencial como "abate eleitoral".
Faz sentido.
O que era para ser um debate mais aprofundado das propostas do Aécio e da Dilma recuou para um abate de ideias, abate de propostas, abate moral, abate pessoal. Aécio e Dilma, armados até os dentes, disparam desesperadamente para todos os lados.
Dizer isso é chover no molhado, o Brasil todo está vendo: o que menos temos na campanha do segundo turno são debates sérios, lançamentos de propostas, debates de ideias.
O brasileiro, personagem que deveria ser o centro das atenções, está sendo vergonhosamente esquecido, praticamente traído.
A meta é abater o adversário.
Essa estratégia dos candidatos, na verdade, está é abatendo a paciência do cidadão, abatendo a seriedade da eleição, golpeando mais um pouco da confiança que o cidadão ainda tem (tem?) pelos políticos.
De antemão dá para concluir que o vencedor da eleição sentará fortemente desprestigiado na cadeira presidencial, conquistada mediante golpes desferidos abaixo da linha da cintura.
Aécio ou Dilma, tanto faz quem vença, terá de carregar pelo mandato inteiro o ônus de ter protagonizado a campanha eleitoral mais pobre que já vimos. O vencedor, naturalmente, não perderá o sono com esses detalhes, mas o brasileiro pode e deve tirar lições dessa baixaria que está em cartaz.
Um risco real dessa campanha descaradamente eleitoreira é afastar ainda mais o cidadão da política. Se a intenção dos políticos é essa, parabéns, conseguiram avançar mais uma casa.
No primeiro turno houve mais de 4,4 milhões de votos em brancos. Nulos somaram mais de 6,6 milhões. Onze milhões de brasileiros compareceram às urnas para votar em branco ou anular o voto para presidente. É um bocado de gente que não reconheceu digno de confiança nenhum dos candidatos.
O abate eleitoral do segundo turno não está acrescentando nada que convença esses 11 milhões a optar entre um e outro. Pelo contrário, talvez ainda mais brasileiros votem branco ou nulo no dia 26. Se isso acontecer, a culpa não será do eleitor.
Coisa feia, Aécio e Dilma.
Opinião
Gilberto Blume: O abate eleitoral talvez faça ainda mais brasileiros votar branco ou nulo. Coisa feia, Aécio e Dilma
O Brasil todo está vendo: o que menos temos na campanha do segundo turno são debates sérios
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