Um dos maiores temores de qualquer motorista é deparar com um carro que vem na contramão, em sentido contrário, porque ultrapassou em lugar proibido ou forçou a ultrapassagem. Muitos de nós certamente já enfrentamos tais sustos (alguns de nós certamente provocaram tais sustos) e tivemos de operar milagres para escapar ilesos, sobreviver. Muitos morreram (ou mataram) nessas circunstâncias, na colisão frontal com um sujeito que ignorou o bom senso, o respeito, as regras, a boa moral, o básico.
Se o cronograma for mantido, em novembro vigora o endurecimento contra os abusados. A multa passará de R$ 127 para R$ 957. Se a infração se repetir em menos de um ano, o valor dobra. Em caso de ultrapassagem forçada a multa chegará a quase R$ 2 mil, e o motorista fica sem dirigir por um ano. Se trafegar no acostamento, a multa vai de R$ 127 para R$ 957.
A PRF percebeu que as multas para essa infração já não surtem efeito nem para educar e nem para punir o motorista. Uma das explicações é que a multa é baixa. Os argumentos da PRF sensibilizaram o Departamento Nacional de Trânsito, e a multa será reajustada no dia 1º. Aqui na região a PRF qualifica de arrogância os abusos que resultam em tragédias. É verdade, o condutor que ultrapassa sem permissão ou força ultrapassagem é um arrogante no pior sentido do termo. Muitas vezes o preço da arrogância é impagável.
É provável que a multa mais salgada fará todos pensar duas vezes antes de acelerar. A consequência deve ser positiva, pois a tendência é de que a possibilidade no rombo no bolso reduza mortes provocadas pela armadilha da ultrapassagem equivocada. O buraco, porém, é bem mais embaixo.
Todos os aspectos que envolvem o trânsito têm partida e contrapartida no comportamento. É incontestável: raramente os acidentes decorrem de falhas técnicas ou de infraestrutura viária falha. Os culpados pelos acidentes somos nós, pois.
Enquanto houver gente moral e tecnicamente despreparada o tamanho das multas seguirá paliativo. O sonho, ainda distante, é de uma convivência pacífica e inteligente entre todos que se lançam nesse ir e vir hoje tão violento e burro. Enquanto o sonho não se materializa, multa neles.
Opinião
Gilberto Blume: Enquanto não nos comportamos no trânsito, dê-lhe multas
É provável que uma multa mais salgada fará todos pensar duas vezes antes de acelerar
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