Em quase 10 anos de funcionamento no bairro Pioneiro o Sest Senat experimenta drama inédito, a insegurança dos alunos na saída das aulas do turno da tarde. O problema atingiu proporções. Tudo começou há cerca de 10 dias, quando um aluno teve o celular roubado quando se dirigia à parada de ônibus. Nesta semana, ataque idêntico resultou em outro celular roubado. Os alunos são atacados por um grupo de jovens, provavelmente todos menores de idade. Na quarta, o alunos se organizaram e saíram à rua em turma para tentar evitar novos ataques. Desta vez o bando não atacou, mas revidou exibindo facas e correntes, em notório intimidamento. A direção do Sest Senat chamou a Brigada Militar. A BM compareceu, esfriou os ânimos e todos seguiram seu rumo: estudantes para casa, bando sabe-se lá para onde.
Ninguém assume a informação, mas o cenário que se arma no entorno do Sest Senat é de franco confrontamento: alunos se mobilizando, gangue se mobilizando. À boca pequena diz-se que até as meninas do bairro estão sendo convocadas para intimidar as meninas estudantes.
Ou seja, o clima pesou valendo.
Os reflexos dessa situação, claro, se materializam por todos os lados. Perde o Sest Senat, perde a comunidade do Pioneiro, perdem os estudantes, perdemos nós. Em suma, ninguém ganha uma titica sequer com esse quadro. A coisa chegou ao ponto de um pai pretender tirar o filho do Programa Jovem Aprendiz porque teme pela integridade do guri.
Faz sentido. Quem viveria tranquilo sabendo que um bando armado ronda a porta da escola do filho? O Jovem Aprendiz é um programa sério, reconhecido. Em resumo funciona assim: as empresas contratam jovens, com carteira assinada, e matriculam-nos no Sest Senac. A contrapartida dos jovens é básica: frequentar o curso do Jovem Aprendiz e no turno contrário frequentar a escola convencional.
O que acontece nas vizinhanças do Sest Senat é chocante sob todos os aspectos. O principal talvez seja o confronto entre dois mundos que coexistem num mesmo endereço: os guris e gurias que se formam mediante o cruel ensinamento das ruas versus os guris e gurias que têm o benefício de um programa sócioeducativo.
Embora o quadro atual seja de insegurança, esse caldo que escorre do Pioneiro não resulta somente das péssimas políticas públicas de segurança.
O buraco é bem mais embaixo.
Como resolver é que são elas.
O atual quadro não será solucionado e muito menos compreendido da noite para o dia. Por isso desejo sorte aos estudantes, sorte à comunidade do Pioneiro, sorte ao Sest Senat, sorte à BM.
Opinião
Gilberto Blume: O clima pesou no bairro Pioneiro
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