É impressionante a capacidade que os candidatos têm de enrolar. Preste atenção às entrevistas e aos debates, as duas principais fontes de informação que o cidadão possui a respeito das intenções dos candidatos.
É comum o entrevistador formular uma pergunta e o candidato dar enorme curva sem que a resposta seja de fato emitida. Terça à noite a CNBB reuniu os presidenciáveis em Aparecida (em São Paulo, no antológico debate em que Luciana Genro botou a água a ferver).
Então.
Num dos blocos, bispos de diversas partes do Brasil dirigiam perguntas aos candidatos. Um dos bispos perguntadores, antes de formular pergunta sobre educação, pediu, praticamente ajoelhado e com todas as letras, que o candidato evitasse listar feitos passados, não atacasse os demais candidatos e se atesse ao tema: como o candidato, eleito, melhoraria a qualidade da educação?
Adivinhões! O pedido do bispo foi solenemente ignorado.
O candidato passou a maior parte do minuto e meio da resposta se autoelogiando. O minuto e meio passou sem que a pergunta do bispo fosse, de fato, respondida.
O cidadão perdeu, de novo, boa oportunidade de conhecer o programa de governo na área da educação.
As entrevistas com candidatos publicadas na imprensa escrita, falada e televisionada também trazem exemplos dessa habilidade que os candidatos têm de enrolar.
É comum o jornalista perguntar terra e o candidato responder água e sair de cena com cara de paisagem.
Parte dessa enrolação poderia ser minimizada caso os entrevistadores insistissem nas perguntas não respondidas:
- A pergunta não foi respondida. Vamos tentar de novo, candidato?
Por essas e outras a Irma Overlock decidiu votar no Willian Bonner para presidente e em Patrícia Poeta para vice.
Todos vimos, a dupla de jornalistas espremeu os candidatos no Jornal Nacional na tentativa de obter repostas. Mesmo ali, ao vivo e sob forte pressão de Willian e de Patrícia, os candidatos Dilma, Aécio e Marina acharam brechas e em alguns momentos fizeram prevalecer a enrolação tão típica dos políticos.
Desta eleição já tão caracterizada por reviravoltas emocionantes nas pesquisas, podemos concluir, sem medo de errar, que o próximo presidente do Brasil, seja homem, seja mulher, será um grande, um enorme, um impagável enrolador.
Oremos.
Opinião
Gilberto Blume: É impressionante a capacidade que os candidatos têm de enrolar
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