Não é gaúcho quem não gosta de cavalo, já dizia em canção Whalter Morais. Mas para viver com plenitude a tradição que dá ao gaúcho sua identidade, é preciso desembolsar um bom dinheiro: ser campeiro custa caro para a guaiaca do gaudério.
A começar pelo "artigo" principal: o cavalo. É difícil fazer uma média de preço. Um cavalo comum, sem raça ou registro, pode custar entre R$ 700 e R$ 3 mil. Se for crioulo, bagual (não castrado) e com registro na Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Crioulo, pode chegar a R$ 15 mil e até mais. Sem registro, o mesmo cavalo crioulo é vítima da desvalorização: o preço pode cair pela metade ou menos.
- Muitos fatores influenciam no preço de um animal. É castrado? Já foi domado? Às vezes o cavalo é comum, mas a qualidade dá o preço. Por outro lado, um crioulo puro sem registro pode ser um excelente cavalo, mas sem documentação o preço vai lá embaixo - explica Fernando Padilha, 34 anos, laçador do CTG Amigos do Rodeio e proprietário de um crioulo de R$ 15 mil.
Comprou o pingo? Prepare-se para os custos com hospedagem para cavalos, caso não tenha um potreiro, e gastos com ração, medicamentos, vacinas, veterinário, ferraduras.
O preço dos artigos da encilha varia de acordo com o material e a qualidade. Uma rédea e cabeçada de couro comum custam aproximadamente R$ 70. Porém, se a peça for de couro cru trançado, pode chegar a R$ 600. O gaudério não poupa para deixar o pingo bonito. Conjunto de cabeçada, rédea e peitoral com adornos de prata e ouro custa aproximadamente R$ 2 mil.
- O gaúcho que usa o cavalo para o serviço de campo prefere peças mais resistentes, de couro mais grosso. Para o desfile, normalmente os cavalarianos optam por trocar a cabeçada e a rédea, e o pelego, peças que aparecem mais _ analisa Joacir Hilário Fontana, o Tio Ci, proprietário do Galpão do Tio Ci.
Até o gaúcho mais campeiro não tem resistidos a algumas novidades. Há 15 anos atrás, o pelego branco era o preferido dos serranos. Hoje, a preferência é pelo preto, mais caro. Há explicação: junto da expansão do cavalo crioulo, cujos maiores criadores são da fronteira, veio também o pelego preto, hábito naquela região.
NA PONTA DO LÁPIS
Comprando um pingo
Cavalo sem raça: R$ 700 a R$ 3 mil
Cavalo crioulo com registro: R$ 4 mil a R$ 15 mil
Cuidando do pingo
Hospedagem e ração - R$ 300 a R$ 450 por mês
Vermicida - R$ 15 (por mês)
Ferrar o cavalo - R$ 80 a 150 (a cada 60 ou 90 dias)
Vacinação (anemia infecciosa) - R$ 100 (a cada 60 ou 90 dias)
Encilhando o pingo*
Baixeiro de lã fino - R$ 81,50
Carona de lona - R$ 50
Basto - R$ 260
Estribo + loro de couro - R$ 87
Pelego branco - R$ 128,50
Cincha e sobrecincha (travessão + barrigueira) - R$ 187
Freio - R$ 59,50
Cabeçada + rédea de couro - R$ 69,50
Cabresto de corda - R$ 12
Mango - R$ 63
Semana Farroupilha
Com encilha completa, gaúcho desembolsa pelo menos R$ 1 mil
Ser campeiro custa caro para a guaiaca do gaudério
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