Felipão encheu a boca contra o repórter fotográfico Roni Rigon:
- Vai tomar no *!
Felipão é homem de personalidade forte, coisa universalmente sabida, mas nem as personalidades fortes têm direito adquirido para poder reivindicar perdão pela boca suja que cometem.
Com bem escreveu Ciro Fabres, as crianças estão olhando.
Felipão, além de boca suja, demonstra vergonha das próprias origens.
Em 2001, igualmente às vésperas da Copa, Felipão reagiu contra o mesmo Roni Rigon que tentava fotografá-lo em Caravaggio:
- O que o centro do país vai pensar de mim se me ver aqui?
Caravaggio é destino de milhares de pessoas, e não consta que alguém tenha vergonha de assumir a preferência pelo santuário.
O mundo do futebol é parcialmente habitado por seres que parecem ter vindo de outro planeta. O racismo, as brigas, as agressões são apenas outra forma de dizer vai tomar no *! a quem quer que apareça pela frente.
Vocês certamente viram, na semana passada um torcedor morreu atingido por um vaso sanitário lançado à rua do alto de um estádio. Um, não: dois vasos sanitários foram arrancados do banheiro do estádio e arremessados sobre os torcedores.
Isso tudo a que estamos lamentavelmente assistindo é jeito de alguém se relacionar com outro alguém?
Não é só nos estádios, o mundo está parcialmente habitado por seres que parecem ter vindo de outro planeta.
O Pioneiro está recebendo uma saraivada de críticas porque questiona o péssimo exemplo de Felipão em Caravaggio. E daí? O Pioneiro tem mais é que questionar o péssimo exemplo de Felipão.
O comportamento do técnico foi, sim, péssimo.
Se a imprensa não questionar, quem o fará?
Vai tomar no *! é coisa que se diga?
Vai tomar no *! é coisa que se ouça?
O público que critica o Pioneiro tem lá suas razões, que Felipão tem direito à privacidade, que Felipão veio orar, que.
Mas.
Mas se o Pioneiro não tentasse entrevistar Felipão em Caravaggio, esse mesmo público que agora critica estaria no pleno direito de acusar o jornal de incompetente _ e efetivamente o jornal seria incompetente, pois os jornais existem para informar, mesmo que seja para informar que Felipão se mostrou novamente inteiro, ainda em plena sintonia com uma minoria de deseducados cuja ficha ainda não quicou cá no mundo habitado por seres que tentam pavimentar um caminho coletivo menos intransigente, mais gentil, menos hostil.
Bem-vindo a esse novo mundo, Felipão!
Geral
OPINIÃO: Bem-vindo, Felipão
Gilberto Blume escreve sobre a vinda do treinador a Caravaggio
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