Se a violência doméstica é discreta e velada, as estatísticas recentes de homicídios passionais na Serra gaúcha escancaram a fragilidade da situação. Duas mulheres foram mortas de forma brutal em Caxias do Sul e mais uma em Gramado em menos de dez dias. Os principais suspeitos para os crimes são os ex-companheiros, que se mostravam inconformados com os términos dos relacionamentos. Todas as mulheres eram beneficiadas pela medida protetiva da Lei Maria da Penha, que deveria assegurar distância entre agressores e vítimas.
- Pessoas do bem cumprem a medida protetiva e não a enxergam como problema. Com psicopatas, a situação é outra. A medida protetiva é apenas um pedaço de papel. O que funciona, de fato, é a fiscalização da lei - explica a delegada titular da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), Carolina Valentini Tomielo.
Para controlar o cumprimento da medida protetiva, Caxias acolhe, desde o dia 20 de janeiro, a Patrulha Maria da Penha. São dois policiais que visitam mulheres beneficiadas pela medida e acompanham se há aproximação do agressor. Atualmente, 14 são atendidas.
- Nós verificamos se o agressor rondou a casa, fez contato, se a ameaçou novamente. Há casos em que vamos visitá-la diariamente. Isso faz com que elas se sintam mais seguras. Prova disso é que até agora, nenhuma delas recusou ajuda - exemplifica o policial Ariel do Amaral, que faz parte da patrulha.
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Ainda que se mostre eficaz dentro dos casos acolhidos, a patrulha só pode atender mulheres que morem nos bairros Esplanada, Kayser, Nossa Senhora das Graças, Salgado Filho, Santa Corona, São Caetano, São Leopoldo, Bom Pastor e Santos Dumont. Na área não coberta pela patrulha, não há policial que cheque se o agressor se aproximou da vítima ou acompanhe a medida protetiva. Resta à vítima confiar que o agressor cumpra o que a lei determina.
Além disso, o número de mulheres que recebem as visitas da Patrulha é distante do ideal: enquanto 14 são protegidas pela Patrulha, mensalmente, 70 solicitações de medidas protetivas são encaminhadas pela Deam para a 2ª Vara Criminal. E, segundo a delegada Carolina, o número dobra quando consideradas as demandas encaminhadas pelo plantão da delegacia.
Em 2013, cinco mulheres foram vítimas de crimes passionais em Caxias do Sul.
Brutalidade
Em menos de dez dias, três mulheres são mortas por ex-companheiros na Serra
Em 2013, cinco mulheres foram vítimas de crimes passionais em Caxias do Sul
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