Depois ouvirem muitas promessas sobre o início das obras e de esperarem mais de um ano para verem máquinas recuperando a Rota do Sol (RSC-453) entre Caxias do Sul e o distrito de Lajeado Grande, em São Francisco de Paula, usuários da estrada não disfarçam a frustração com os primeiros resultados apresentados pela Traçado Construção e Serviços Ltda. A empresa, contratada pelo governo do Estado para reconstruir o trecho de 53 quilômetros e garantir sua trafegabilidade por cinco anos, começou o serviço no dia 15 de fevereiro, na altura do Km 152, localidade de Santo Homo Bom.
Um trecho de cinco quilômetros já foi recapeado, mas não se parece nem um pouco com a promessa de asfalto com padrão europeu prometida pelo secretário estadual de Infraestrutura e Logística, João Victor Domingues: o pavimento novo e recém-pintado já tem buracos abrindo, há enormes desníveis na pista, onde há impressão de que o asfalto não foi corretamente espalhado. Em alguns pontos, inclusive, são vistos pequenos remendos na lateral, junto ao acostamento. Além disso, restos de brita e material que serviu para a base da estrada ficaram espalhados por valetas onde a água deveria escorrer ou mesmo às margens da rodovia, por cima da vegetação, como percebido pela reportagem no Km 153. Vizinha da estrada, a agricultora Ilda Bisol, 69 anos, usa a Rota toda semana para se deslocar até o centro de Caxias. Depois de acompanhar o trabalho da empreiteira, Ilda não acredita que o trabalho, como está, esteja concluído.
- Ouvi até falarem que vão colocar uma camada mais grossa de asfalto. Espero que isso seja verdade porque, se ficar assim, não vai durar nada. Vai durar menos do que os tapa-buracos. O Estado não pode aceitar esse serviço desse jeito - reclamou.
Motoristas também reclamam das condições do acostamento. Em grande parte do trecho já recapeado, ele não recebeu manutenção, ficando cheio de buracos e desníveis. Outra preocupação é com relação à sinalização. No domingo à tarde, quando o Pioneiro passou pela Rota do Sol, havia poucas placas informando sobre o perímetro em obras, entre os Kms 156,8 e 159. Como o pavimento foi removido, os veículos trafegam sobre cascalho solto. Com o movimento intenso, há momentos em que a nuvem de poeira dificulta a visualização dos carros. À noite, as condições de visibilidade reduzem bastante e o risco de acidentes aumenta.
O sócio administrador da Traçado Construções e Serviços Ltda, Everton Andreeta, explica que esses primeiros quilômetros que receberam asfalto ainda não estão finalizados, apesar de terem recebido sinalização horizontal (solicitada pela Polícia Rodoviária Federal para dar mais segurança aos motoristas). Conforme Andreeta, essa cobertura corresponde a uma camada provisória, de 2,5 centímetros, que protege a parte que foi recompactada.
- Essa proteção permitirá que o subsolo se acomode com o tráfego dos veículos - afirma.
Andreeta destaca que a cobertura definitiva só será aplicada após o término dessa primeira etapa nos 53 quilômetros, o que deve ocorrer em setembro. A partir de outubro, a Traçado recomeça a cobertura da pista, dessa vez com uma camada de cinco centímetros, o que, segundo ele, deixará a estrada com pavimento liso e perfeito.
A previsão é que o trabalho de reconstrução da Rota só seja concluído em março de 2015.